domingo, 8 de agosto de 2010

Dia dos Pais 2010

A origem do Dia dos Pais

Ao que tudo indica, o Dia dos Pais tem uma origem bem semelhante ao Dia das Mães, e em ambas as datas a idéia inicial foi praticamente a mesma: criar datas para fortalecer os laços familiares e o respeito por aqueles que nos deram a vida.

Conta a história que em 1909, em Washington, Estados Unidos, Sonora Louise Smart Dodd, filha do veterano da guerra civil, John Bruce Dodd, ao ouvir um sermão dedicado às mães, teve a idéia de celebrar o Dia dos Pais. Ela queria homenagear seu próprio pai, que viu sua esposa falecer em 1898 ao dar a luz ao sexto filho, e que teve de criar o recém-nascido e seus outros cinco filhos sozinho. Algumas fontes de pesquisa dizem que o nome do pai de Sonora era William Jackson Smart, ao invés de John Bruce Dodd.

Já adulta, Sonora sentia-se orgulhosa de seu pai ao vê-lo superar todas as dificuldades sem a ajuda de ninguém. Então, em 1910, Sonora enviou uma petição à Associação Ministerial de Spokane, cidade localizada em Washigton, Estados Unidos. E também pediu auxílio para uma Entidade de Jovens Cristãos da cidade. O primeiro Dia dos Pais norte-americano foi comemorado em 19 de junho daquele ano, aniversário do pai de Sonora. A rosa foi escolhida como símbolo do evento, sendo que as vermelhas eram dedicadas aos pais vivos e as brancas, aos falecidos.

A partir daí a comemoração difundiu-se da cidade de Spokane para todo o estado de Washington. Por fim, em 1924 o presidente Calvin Coolidge, apoiou a idéia de um Dia dos Pais nacional e, finalmente, em 1966, o presidente Lyndon Johnson assinou uma proclamação presidencial declarando o terceiro domingo de junho como o Dia dos Pais (alguns dizem que foi oficializada pelo presidente Richard Nixon em 1972).

No Brasil, a idéia de comemorar esta data partiu do publicitário Sylvio Bhering e foi festejada pela primeira vez no dia 14 de Agosto de 1953, dia de São Joaquim, patriarca da família.

Sua data foi alterada para o 2º domingo de agosto por motivos comerciais, ficando diferente da americana e européia.

Em outros países

Pelo menos onze países também comemoram o Dia dos Pais à sua maneira e tradição.

Na Itália, Espanha e Portugal, por exemplo, a festividade acontece no mesmo dia de São José, 19 de março. Apesar da ligação católica, essa data ganhou destaque por ser comercialmente interessante.

Reino Unido: é comemorado no terceiro domingo de junho, sem muita festividade. Os ingleses não costumam se reunir em família, como no Brasil. É comum os filhos agradarem os pais com cartões, e não com presentes.

Argentina: é festejado no terceiro domingo de junho com reuniões em família e presentes.

Grécia: essa comemoração é recente e surgiu do embalo do Dia das Mães. Lá se comemora o Dia dos Pais em 21 de junho.

Portugal: a data é comemorada no dia 19 de março, mesmo dia que São José. Surgiu porque é comercialmente interessante. Os portugueses não dão muita importância para essa comemoração.

Canadá: é comemorado no dia 17 de junho. Não há muitas reuniões familiares, porque ainda é considerada uma data mais comercial.

Alemanha: não existe um dia oficial dos Pais. Os papais alemães comemoram seu dia no dia da Ascensão de Jesus (data variável conforme a Páscoa). Eles costumam sair às ruas para andar de bicicleta e fazer piquenique.

Paraguai: é comemorado no segundo domingo de junho. Lá as festas são como no Brasil, reuniões em família e presentes.

Peru: é comemorado no terceiro domingo de junho. Não é uma data muito especial para eles.

Austrália: a data é comemorada no segundo domingo de setembro, com muita publicidade.

África do Sul: a comemoração acontece no mesmo dia do Brasil, mas não é nada tradicional.

Rússia: não existe propriamente o Dia dos Pais. Lá os homens comemoram seu dia em 23 de fevereiro, chamada de “o Dia do Defensor da Pátria” (Den Zaschitnika Otetchestva).

Independente do seu lado comercial, é uma data para ser muito comemorada, nem que seja para dizer um simples Obrigado Papai!

(Fonte: Portal da Família)

O que comemorar no Dia dos Pais?

Luiz Kignel (kignel@pompeulongo.adv.br)

Do latim pater, a palavra pai designava originalmente toda pessoa que dava origem a outro ser. O Direito Romano, base de nosso ordenamento civil, conferia ao pai o título de paterfamiliae, o cidadão romano chefe de família. Já definiam os romanos que “is est pater quem justae nuptiae demonstrant” (o pai legítimo é aquele que o matrimônio como tal indica). E nesta condição, todos os seus descendentes a ele se vinculavam sem poder de oposição, onde se incluía a própria esposa.

Durante todo o século XX convivemos no Brasil com o pátrio poder onde todas as decisões da família eram tomadas apenas pelo homem da casa, tendo a esposa apenas participação colaborativa, mas não decisiva. Apenas com o novo Código Civil, em vigor desde 11 de janeiro de 2003, substituiu-se esta expressão (diga-se ultrapassada) para poder familiar, onde marido e mulher, juntos, deliberam consensualmente sobre os destinos de uma família.

Em sentido jurídico, pai é o ascendente masculino de primeiro grau. Eis, portanto, a definição legal. Mas a palavra pai não se limita à letra da Lei e surge de formas variadas em nosso dia a dia. O Dicionário Houaiss aponta com precisão um sem número de variáveis. É o “pai da pátria” (defensor de um país), “pai da criança” (autor de uma idéia), “pai das queixas” (delegado de polícia), “pai Gonçalo” (marido sem iniciativa, dominado pela mulher), “pai mané” (indivíduo ingênuo), “pai dos burros” (dicionário) e assim por diante. Eis aqui a definição popular.

Da mesma raiz latina encontramos a palavra paternitas, mostrando a qualidade ou o fato de ser pai, designando o liame jurídico que une pai e filho. E assim fiz minha enquete caseira e pedi aos meus filhos que definissem a palavra paternidade. Surpreendidos com uma pergunta tão inusitada, meu filho de 13 anos disse “o direito do pai ter a guarda do filho”. Minha filha de 11 anos disse “é o que o pai passa para o filho”. E meu caçula de 3 anos, bem, confesso que não insisti com ele ante o olhar entediado daquele questionamento.

Com as definições jurídica, popular e familiar, concluo que pai tem, sobretudo, forte conotação de hierarquia, de poder, de gestão. Neste Dia dos Pais, em que o ego masculino fica ainda mais comprometido, uma autocrítica é sempre bem vinda, a começar pela readequação da expressão poder familiar. O Código Civil, que em seu artigo 1.630 substituiu a expressão pátrio poder por poder familiar, deveria ter disposto, em substituição, a expressão pátrio dever ou, sendo fiel ao novo texto legal, dever familiar. A paternidade não institui direitos sobre os filhos, mas sim deveres para com os mesmos.

O artigo 1.634 do Código Civil é preciso ao determinar aos pais a garantia da criação e educação de seus filhos. E isto não se dá apenas no sustento material ou alimentar, mas também e especialmente no exemplo moral, de forma que a geração vindoura tenha corretamente moldado seu caráter. E ao contrário das obrigações conceituais, onde a contraprestação deste dever familiar se dá de forma pecuniária (custeio da educação, alimentação, vestuário, etc.), o exemplo moral requer comprometimento, renúncia e vocação. Não se pode exigir de outras pessoas atitudes que nós mesmos não adotamos, regra esta que seguramente se aplica de pai para filho.

Neste dia 10 de agosto festejamos o Dia dos Pais. Não se pode defini-lo como uma data do calendário civil. Estas têm dia certo e um caráter público institucional, como 21 de abril ou 07 de setembro. O Dia dos Pais também não é uma data religiosa, o que dispensa maiores justificativas. Portanto, deveríamos concluir ser um dia meramente comercial cujo ápice ocorre na entrega dos tradicionais presentes. E assim será apenas se o paterfamiliae deixar ser.

Mas esta data poderá ser vista de outra forma. Porque da palavra paternidade vem a raiz do adjetivo “paterno” que, outra vez recorrendo ao Mestre Houaiss, significa “que lembra o amor de pai; carinhoso, afetuoso, paternal”. Ou seja, a maior gratificação do Dia dos Pais não é receber um presente do filho, mas em oferecer um carinho para ele.

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