terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Convite para a Conferência "A Filha Enjeitada do Brasil: a construção historiográfica regionalista da Amazônia", com o Prof. Dr. Mário Médice Barbosa, dia 28 de fevereiro de 2013, na UFPA Bragança
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
Bento XVI renunciará ao cargo em 28 de fevereiro
Numa decisão que não estava nos planos de parte da
comunidade católica mundial, o Papa Bento XVI, 265º da História, chamado
Joseph Ratzinger - o primeiro alemão a ser escolhido Papa desde o século XI -
comunicou nesta segunda-feira a sua decisão em renunciar ao cargo e à liderança
da Igreja Católica Apostólica Romana a partir do dia 28 de fevereiro. Os
motivos que alegou o Sumo Pontífice foram a sua idade avançada (85 anos) e que
tomou esta decisão pelo bem da própria instituição.
O cargo deverá ser declarado vago e um novo
Conclave deve ser convocado, para a eleição de um novo Papa. Bento XVII é o
primeiro a renunciar ao cargo na era moderna, em quase 598 anos de história da
instituição católica.
Especulações na imprensa italiana e que logo
ganharam espaço em sites do mundo inteiro, desde março do ano passado, davam
conta dessa possibilidade, pelos mesmos motivos alegados no comunicado de hoje.
A questão de renúncia de um Pontífice tem sido
objeto de debate durante muito tempo. O Papa Pio XII preparou uma carta de
renúncia no período entre guerras, caso fosse prendido ou levado pelos
nazistas, a fim de salvaguardar o cargo.
João XXIII, ao reportar-se ao seu confessor,
tomaria essa decisão caso a doença se agravasse. Até o Papa Paulo VI que havia
estabelecido a exclusão dos cardeais com mais de 80 anos de um conclave, e a
possibilidade de renúncia ao episcopado de bispos com a idade de 75 anos,
pensou seriamente em renunciar em 1977, ao completar 80 anos. Esta questão foi
bastante discutida com a longa doença do Papa João Paulo II, que inclusive
havia preparado uma carta de demissão, à época.
Na História da Igreja vários Papas renunciaram ao
trono de Pedro. Clemente I renunciou em 97 d.C., em favor de Evaristo, para
assegurar a continuidade do culto cristão. Ponciano, em 235 d.C., para que a
Igreja elegesse seu sucessor (o papa Antero), já que estava exilado na Sardenha
(Mediterrâneo) juntamente com o antipapa Hipólito, a mando do imperador romano
Magno, e que acabaram morrendo logo em seguida. Silvério abdicou da Cátedra de
Pedro em 537 d.C., obrigado pela imperatriz Teodora na ilha de Palmaria
(Mediterrâneo), e ao retornar a Roma, Teodora já o havia substituído pelo Papa
Virgílio, diácono de Silvério. Em 1009, João XVIII abdicou do cargo para viver
como monge na Basílica de São Pedro. O Papa Bento IX renunciou em 1045 para
satisfazer seu padrinho, João Graciano, que se tornou o papa Gregório VI.
Depois de sua morte, João XVIII reassumiu a função, dois anos depois, renunciando
novamente ao cargo em 1048.
O último Pontífice a renunciar por vontade própria
foi Celestino V, em 1294, após 5 meses de trabalho como papa, com mais de 80
anos, em favor de Bonifácio VIII. O último Papa a deixar o cargo foi Gregório
XII, a contragosto e depois de ser deposto pelo Concílio de Pisa, no ano de
1415, aos 90 anos, para por fim às questões do chamado Grande Cisma do
Ocidente, encerrando uma disputa com dois rivais (os chamados antipapas, o
primeiro em Avignon, na França e o segundo em Pisa, na Itália) à Santa Sé,
naquela época.
A renúncia anunciada hoje certamente entrará para a
História da instituição e do Cristianismo.
Leia na
íntegra o Comunicado
de Bento XVI.
“Caríssimos Irmãos, convoquei-vos para este
Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos
comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de
ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à
certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas
para exercer adequadamente o ministério petrino.
Estou bem consciente de que este ministério, pela
sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as
palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de
hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância
para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é
necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos
últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a
minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.
Por isso, bem consciente da gravidade deste ato,
com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma,
Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril
de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede
de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por
aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos
agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu
ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa
Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos
a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres
Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito,
nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada
à oração, a Santa Igreja de Deus.”
Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.
BENEDICTUS PP XVI"
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Parabéns, Papai. Jocelino Nonato da Silva (in memoriam), em 10 de fevereiro...
Em 10 de fevereiro de 1937,
nasceu na localidade do Almoço, Montenegro, em Bragança, o pequenino Jocelino
Nonato da Silva, nome grafado errado por problemas cartoriais, mas que sempre
foi um de seus orgulhos... Não Juscelino, mas Jocelino.
Filho de Raimundo Nonato da Silva
e de Raimunda Maria Francisca da Silva, foi o último filho do casal, irmão de
09 irmãos. De estatura mediana, o jovem Jocelino acompanhou a sua família nas
lidas da vida. Acontecimento que sempre lembrou com certo pesar foi o
falecimento de seu pai, Raimundo, quando ainda tinha 7 anos... exatamente na
mesma idade que o perdi.
Quando da mudança da família
para a sede de Bragança, ainda na década de 1950, Jucelo – ou Celo - como era chamado
por alguns familiares, veio morar com os irmãos e com a mãe em Bragança, ajudando
no que foi possível, em casa e com os irmãos. Sempre foi alguém ligada à sua família,
em muitos os sentidos. Sua devoção por sua mãe e dela por ele foram marcantes. Disso
eu sou testemunha. Veio morar, inclusive ao seu lado, na casa onde moro até hoje.
Como muitos rapazes de sua
época, foi criada em moldes bem diferentes dos dias atuais, com bastante
respeito por aspectos e tradições familiares que sempre estiveram na sua
caminhada familiar.
Estudou no Instituto Santa
Teresinha, foi aluno de Dom Eliseu Coroli, na disciplina Matemática, o que
contava com emoção, ao se destacar em algumas oportunidades pela perspicácia
com os assuntos e exercícios em sala de aula. Não concluiu, no entanto, o
ensino de 2º grau. Ele tinha uma personalidade muito forte, de às vezes
impressionar pelas reações, isso é fato. Acho que nós, filhos, herdamos alguma
coisa desse jeito, cada um com um traço especial e que sabemos, na memória, que
é dele, que veio dele e que o imortaliza na nossa caminhada.
Atuou, basicamente no
comércio, em firmas comerciais até ter a sua própria, J. Silva Comércio e
Transportes, quando passou a transportar cargas e mercadorias, de Bragança para
diversos lugares do Pará. Amigos de hoje lembram bastante desses momentos, como
Antônio Moreira de Bastos, companheiro de muitos caminhos. Uma coisa sua era o
gosto por viagens, por muitas viagens.
Conheceu minha Mãe, Socorro
Rodrigues, nos idos de 1974, na saída do Instituto Santa Teresinha. Namoraram e
ficaram noivos em 30 de maio de 1975, nas Bodas de Prata de meus avós maternos Manoel
Baxeira e Joana Rodrigues. Casaram-se na Catedral de Nossa Senhora do Rosário
em 06 de dezembro de 1975, abençoados pelo Pe. Luciano Brambilla, seu amigo pessoal.
Por ser maçom, sempre carregou certo desapontamento com o amigo sacerdote por
não ter tido a oportunidade de comungar em seu matrimônio. Mas, enfim...
Tiveram três filhos, Danilo
Augusto, Dário Benedito e Jocelino Filho, único a quem escolheu o nome, sem
discussões. Tinha muito orgulho de ter tido três filhos homens, como ele
dizia... “melhor do que eu esperava”.
Foi eleito para o mandato
legislativo da Câmara Municipal de Bragança, no final da década de 1970, sendo
colega de parlamento do próprio irmão, algo bem característico para a época. O
tino político de alguns poucos membros era notória à época, como a de sua irmã,
Maria Nonato da Silva, a primeira mulher eleita como vereadora de Bragança.
Jocelino era um homem de
costumes simples, de sorriso largo, de amizades duradouras – cito o nome do
casal Adiel e Zitinha Oliveira – a quem sempre acompanhou com zelo. Uma coisa
inesquecível, que ele deixou na nossa memória e a de meus irmãos, era a sua preferência
por um sobrinho em especial, entre tantos, Edu Filho – o Edinho – além de Elizabeth
Nonato, sua comadre, madrinha de Danilo Augusto. As aventuras com Edinho são homéricas...
o seu carinho por ele era bem específico. Um sobrinho e amigo. Claro que por
muitos sobrinhos isso era especial, tanto que ajudou as famílias dos irmãos por
algum tempo em muitos aspectos. De seus irmãos, aliás, pelo que lembro falando
era de ter muita saudade e impressões marcantes sobre a perda de um deles.
Lembro de uma passagem que pra
mim é a coisa mais marcante, além dos momentos tristes de sua doença e partida.
Quando minha Mãe ia trabalhar à noite, na Escola Professor Paixão, um certo
dia, ficamos os quatro reunidos. Papai brincou conosco a noite toda, chegamos a
“destruir” a ordem da casa. E ao final, esgotados que estávamos, dormimos os
quatro juntos na cama. Quando Mamãe chegou, a cena foi uma trapalhada de risos.
Seu carinho, seu cheiro, sua presença, sua abnegação e sua dedicação aos filhos
era tal que ia, por muitas vezes, ao Instituto Santa Teresinha nos deixar, pela
manhã... e até mesmo “esquecer” por um dia, eu e o Danilo Augusto, na casa das
Irmãs Missionárias. Pouco tempo pra ele, mas uma eternidade agoniada para
Mamãe.
Os bailes de Carnaval infantil
eram momentos em que ele deixava transparecer essa dedicação. Nos arrumamos uma
vez, junto com a Vovó Joana, para irmos à sede dos Nove Balões... Papai
acompanhou isso tudo e lembro de sua alegria ao participar desse momento
conosco.
O único momento que participou
da vida escolar de seus filhos – eu e o Danilo Augusto – foi a formatura do Jardim
de Infância, no IST, em 1982, coisa que guardo para sempre nos poucos “flashes”
de recordação que tenho daquele dia. Uma alegria e uma saudade imensa de ficar
no seu colo e até de vê-lo descansar, na rede, ou almoça na cabeceira da mesa...
sempre procurando olhar o que comíamos e da forma como agíamos.
Meu Pai não era um pai de
repressões ou de sanções, isso ficou a cargo da Mamãe, que disciplinava as
coisas. A única coisa que ele fazia era “olhar”... e esse olhar já dizia tudo.
Um fato que quase ninguém conhece é que uma carta de Danilo Augusto foi sorteada
no programa de tevê do grupo infantil Balão Mágico, em 1983, o que causou uma
emoção muito grande em Papai, quando a apresentadora Simony leu o nome. Até
hoje, guardamos os LP’s com muito carinho, afinal, meu Pai participou disso
tudo.
Jocelino adoeceu em 1980, de
miocardiopatia, que fez com que iniciasse um tratamento desgastante e bastante
difícil, que envolveu esforços e recursos, correligionários, familiares e até
personalidades políticas. Aqui devo citar meu padrinho Luís Gonzaga da
Silveira, os motoristas de Papai (Coelho e Boneco, por exemplo), que foram mais
que amigos tão somente. Esteve em vários centros de tratamento cardíaco, como
em São Paulo, quando procedeu à investigação das causas de sua doença, sem
tanto tratamento à época. Uma sugestão era o transplante de coração, o que não
chegou a acontecer.
Falei com meu Pai, pela última
vez, na casa da Tia Iolanda, no início de setembro de 1984, em data que não
recordo exatamente, dizendo que estava e que ficaria bem. Foi operado para colocação
de um marcapasso pelo médico Manoel Maneschy, no antigo Hospital São Marcos, em
Belém, no dia 18 de setembro de 1984, a mesma data em que nasceu minha prima
Ana Cristina Rodrigues.
Depois de ficar bem, alguns
dias, Jocelino faleceu às 8 da manhã, de uma quarta-feira, dia 26 de setembro
de 1984, partindo após o café da manhã e sem a oportunidade de ver os filhos
crescerem – aliás cabe aqui uma observação... meu Pai queria um filho médico,
um engenheiro ou arquiteto e outro militar... tudo bem diferente do que
aconteceu.
O sofrimento ainda me faz chorar
muito e a sentir, como até hoje, muita saudade dele. Mas não é e nunca será
maior do que o brilho dos olhos e a destruir a esperança de que será o meu Pai
a me receber, noutra dimensão, em algum tempo. É dele que eu quero o primeiro e
mais longo e saudoso abraço quando o meu tempo, aqui, passar.
Meu Pai faria hoje 76 anos...
E aqui está, de maneira resumida, o meu Jocelino, o meu Pai, o meu primeiro amor, o meu herói para sempre, o meu anjo da guarda, o homem da minha vida... Tudo o que fiz, pensei nele... aonde fui, dediquei a ele... ao que fui destinado pela vida, ele esteve junto... Como criança, cheguei a culpar Deus pela partida de meu Pai. Sério... não acreditava ser possível perder alguém tão necessário como o pai da gente.
Mas isso passou. Ele permanece na memória... na lida diária nesses 28 anos de saudades. Nunca mais o meu Dia dos Pais foi igual, claro, obviamente, com a mesma lágrima de saudade e com o mesmo querer. E nada, nem ninguém por mais crível que seja, denodará a imagem do meu Pai... ninguém mesmo, nem aqueles que pugnaram, recentemente, sujar sua memória e transformá-lo no que queriam. Não é possível alterar o passado tanto assim, viu?
E aqui está, de maneira resumida, o meu Jocelino, o meu Pai, o meu primeiro amor, o meu herói para sempre, o meu anjo da guarda, o homem da minha vida... Tudo o que fiz, pensei nele... aonde fui, dediquei a ele... ao que fui destinado pela vida, ele esteve junto... Como criança, cheguei a culpar Deus pela partida de meu Pai. Sério... não acreditava ser possível perder alguém tão necessário como o pai da gente.
Mas isso passou. Ele permanece na memória... na lida diária nesses 28 anos de saudades. Nunca mais o meu Dia dos Pais foi igual, claro, obviamente, com a mesma lágrima de saudade e com o mesmo querer. E nada, nem ninguém por mais crível que seja, denodará a imagem do meu Pai... ninguém mesmo, nem aqueles que pugnaram, recentemente, sujar sua memória e transformá-lo no que queriam. Não é possível alterar o passado tanto assim, viu?
Hoje, meu dia é dele! Meu amor
sempre, minha gratidão, meu abraço imaginado e tão nosso, minha saudade e minha
vida, que é dele e de Mamãe! Eu queria tanto que Você tivesse visto tudo o que
me tornei – até os meus limites – e aonde fui, também por Você, mas... vou
prestar contas um dia para Você, e riremos juntos...com os nossos abraços, e eu
no teu colo, de novo e para sempre.
Aonde estiver, e sei que o
encontrarei um dia, Parabéns Papai!
Teu, sempre teu... Dário Benedito Rodrigues, teu filho
do meio.
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