quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

In Memoriam (2015). Saudades.


Entre tantos, muitos conhecidos e amigos falecidos em 2015, suas famílias e os bragantinos sentirão muitas saudades de todos. Aqui, alguns pelos quais sentiremos saudades...

Ortiz do Rosário Falcão, +02.01.2015
Maria de Nazaré Pinheiro Pimenta, +03.01.2015
Raimundo Manoel de Souza, +05.01.2015
Neuma Maria Soares de Sousa, +06.01.2015
Lívia Maria Alves da Silva, +19.01.2015
Antônia Ribeiro de Freitas, +19.01.2015
Maria da Conceição de Castro, +20.01.2015
Leandro Ribeiro da Silva, +28.01.2015

Robson do Nascimento Gomes, +28.01.2015

Elena Braga de Paiva, +03.02.2015

Maria de Nazaré da Silva Martins, +08.02.2015

Benedito Torres Cavaleiro de Macêdo, +08.02.2015

Hilda Saraiva de Quadros, +10.02.2015

Aurimar Monteiro de Araújo, +12.02.2015

Célia Coelho Bassalo, +18.02.2015

Nazareno Felipe Furtado, +18.02.2015

Socorro de Jesus Miranda Rodrigues, +21.02.2015.
Francisco Paulo de Lima, +28.02.2015
Pe. Expedito Lima Freire, +01.03.2015
Raimundo Ferreira do Nascimento, +01.03.2015

Vilma Melo Milhomem, +01.03.2015

Raimundo Moreira de Araújo, +09.03.2015
Rodrigo José Castro da Silva, +09.03.2015
Antônio André Lisboa de Sousa, -10.03.2015
Júlia do Socorro Reis Alencar, +12.03.2015

Camilo José Santos Blanco, +13.03.2015

Osmarina Maria da Conceição, +18.03.2015

Benedita da Silva Belém, +26.03.2015

José Wilson Pimentel Tavares, +26.03.2015

Maria de Nazaré Fernandes Luz, +26.03.2015

José Ananias da Rosa, +27.03.2015

João Batista da Silva Costa, +04.04.2015

Maria de Fátima Alencar dos Santos, +19.04.2015

Deyvison Santana Alves, +23.04.2015

Miguel Santa Brígida, +26.04.2015

Antônio Protásio de Assunção, +11.05.2015

Francinaldo Ramos da Silva, +11.05.2015

Aspázia Borges de Almeida, +11.05.2015

Márcia Regina Medeiros Smith, +22.05.2015

Elson Otávio da Silva Lima, +26.05.2015

Cláudia Maria Risuenho Abdon da Cunha, +31.05.2015

Flávia Cilene Alves Silva, +05.06.2015

Maria do Socorro Brito Lima, +17.06.2015

Maria de Jesus Rodrigues Felipe, +22.06.2015

Maria das Graças Brito de Sales, +28.06.2015

Sayure Conde, +29.06.2015

Bernardino Ferreira Barbosa, +05.07.2015

Claudomiro Sousa Guimarães, +12.07.2015

José Antônio Conde da Silva, -17.07.2015

Gabriel Pinheiro, +18.07.2015

Josefa Trindade de Oliveira, +10.08.2015

Maria Antônia Marques, +10.08.2015

Carlos Henrique Marques dos Santos, +11.08.2015

Maria do Socorro Fernandes Menezes, +13.08.2015

Cirene Maria da Silva Guedes, +16.08.2015

Amarilis da Silva Pereira, +04.09.2015

Darcy Eiko Oruma Tsuchya, +05.09.2015

Pedro Furtado de Vasconcelos, +05.09.2015

Francisco Wellington Gomes Alves, +13.09.2015

Alcides da Silveira Castanho, +17.09.2015

Luiza de Oliveira Quadros, +22.09.2015

Angelita Matos da Silva, +23.09.2015

José Matheus Ferreira da Silva, +29.09.2015

Maria Risuenho de Brito, +01.10.2015

Maria das Graças Melo da Cunha, +23.10.2015

Carlos Alberto da Costa Nascimento, +25.10.2015

Normélia Santos Ribeiro, -25.10.2015

Benedito Orlindo da Silva Alves, +09.11.2015

Edson Rubens Costa Reis, +12.11.2015

Leandro Ribeiro da Silva, +12.11.2015

Pedro Zacarias das Chagas, +18.11.2015

Manoel Teodomiro de Sousa, +20.11.2015

Antônia Cunha de Athayde, +26.11.2015

Maria Luiza da Rosa, +26.11.2015

Joana Lisboa Tavares, +29.11.2015

José Carlos de Oliveira, +01.12.2015

Mirian Mendes Barbosa, +02.12.2015

Benedita Antônia Borges, +04.12.2015

Josiane Lúcia Nascimento, +04.12.2015

Luíza Araújo Silva, +06.12.2015

Maria de Lima Gomes, +17.12.2015

Francisco de Assis Maciel Gomes, +21.12.2015

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Minha imagem do ano de 2015. Aylan Kurdi: tragédia, guerra, vida e morte

Texto de Eduardo Affonso, publicado no Facebook, em 03 de setembro de 2015

No dia em que ia morrer, Aylan Kurdi usava calças azuis e uma camiseta vermelha. A mãe deve tê-lo penteado, ainda que fossem poucos os fios, e tão finos. Agachando-se diante dele, ou segurando-o sobre os joelhos, amarrou-lhe os sapatos e fez, pela última vez, o laço. Aylan caminhou até o porto, com passinhos curtos, ou foi levado no colo? No colo, possivelmente - os braços envolvendo o pescoço da mãe, cabeça reclinada sobre o ombro dela - para não atrasar a marcha rumo à morte.
Até ontem, o mundo não conhecia Aylan, sírio, três anos. Hoje, sua boca colada à areia, as mãozinhas com as palmas para cima, estampam jornais, deslizam nas telas dos computadores, se agarram à nossa retina.
Ao contrário de outras dezenas (milhares?) que foram dar à praia, ou jazem do fundo do mar, de Aylan se sabe o nome, a idade, e que tinha um irmão, que também caminhou com ele (ou foi levado no colo, pelo pai) naquela madrugada, rumo ao porto. E esse nome o humaniza (dar nome a uma coisa é uma forma de amá-la). O corpo anônimo emborcado na praia é um ilegal, uma estatística – Aylan, sírio, três anos, trazido pelas ondas, é a criança que fomos, a que levamos ao pediatra, a que dorme no berço ao lado da nossa cama.
A vida não foi cruel com Aylan. Poupou-o de morrer na guerra, entre poeira, gritos e estilhaços. De ser mutilado, ver a mãe estuprada, o pai degolado. Poupou-o da fome nos campos de refugiados. Poupou-o da longa jornada sobre os trilhos até ser barrado pelos soldados de Montenegro. Poupou-o das cercas de arame farpado da Hungria, dos caminhões frigoríficos da Áustria, das patrulhas da Inglaterra sob o Canal da Mancha - da polícia italiana, dos xenófobos franceses, dos neonazistas alemães.
Em três, quatro minutos, a água salgada invadiu suas narinas, inundou seus pulmões. Nesses infinitos três, quatro minutos, procurou pela mãe, pelo braço do pai, sem entender porque o abandonavam. Então sentiu sonolência - e mar, mãe, medo se tornaram uma coisa só, depois coisa nenhuma.
Aylan não sabia, naquela manhã, que era para a morte que o vestiam de camiseta vermelha e calças azuis. Na foto em que se deu a conhecer ao mundo, o Mediterrâneo, não a mãe, é que penteia seus cabelos.
Não consigo fixar o olhar no seu rosto, nem me demorar nas suas mãos vazias. O que me afoga, junto com ele, com as esperanças de tantos que fogem como ele e ficam pelo caminho, são seus sapatinhos.


Foto: Imagem na internet (2015)

domingo, 20 de dezembro de 2015

3ª Conferência Nacional de Juventude encerra e confirma três prioridades da Juventude brasileira


         A 3ª Conferência Nacional de Juventude cumpriu sua missão neste sábado (19), em Brasília (DF), no Estádio Mané Garrincha, milhares de jovens presentes plenária final elegeram as três propostas de políticas prioritárias para a juventude.

         Os eixos do Estatuto da Juventude que tiveram suas propostas contempladas foram: Segurança; Território; e Participação.

         Confira o texto das três propostas:

         1. Segurança:
         Não à redução da maioridade penal, pelo cumprimento efetivo das medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

         2. Território:
         Ampliar e acelerar o processo de Reforma Agrária e regularização fundiária, bem como reconhecimento e demarcação de terras pertencentes a povos e comunidades tradicionais, em especial das terras indígenas e quilombolas, acabando com as práticas forçadas de remoção de seus territórios. Assim, viabilizando a regularização da documentação de assentamentos já existentes, permitindo que os jovens tenham condições de permanecer ou regressar as suas terras originais, e serem assim contemplados pelos programas, projetos e ações para a juventude rural.

         3. Participação:
         Garantir a implantação do Sistema Nacional de Juventude composto por órgãos gestores, conselhos e fundos de públicas de juventude, nas três esferas administrativas. O fundo nacional de juventude funcionará com repasses fundo a fundo definido percentualmente entres os três entes federados para direcionar as políticas e ações para a juventude em âmbito nacional, estadual e municipal.


sábado, 7 de novembro de 2015

Círio de Nazaré de Bragança 2015 trará manto confeccionado pelo estilista Carlos Amílcar Pereira


O Círio de Nazaré de Bragança, edição 2015, trará o manto que ornará a imagem de Nossa Senhora de Nazaré confeccionado pelo renomado estilista bragantino Carlos Amílcar Sales Pereira, um dos mais destacados estilistas paraenses da atualidade e que também já idealizou o manto de Nossa Senhora de Nazaré do Círio de Belém. A peça foi apresentada ao público na Catedral de Nossa Senhora do Rosário, juntamente com os outros mantos, de igual importância, que serão (ou foram) utilizados em outros eventos do Círio, como a motoromaria, a carreata, o Círio fluvial e a procissão do domingo, dia 08 de novembro.

Com exclusividade para o blog, o estilista conversou conosco e apresentou com detalhes toda a ideia, a temática litúrgica do trabalho feito na peça e os materiais utilizados para a sua confecção, com explicações que revelam o excelente trabalho de pesquisa realizado e a devoção mariana do estilista. Sempre elegante e criativo, Carlos Amílcar detalhou a peça de forma a alcançar o tema escolhido para esta edição do Círio, uma passagem do evangelho de Lucas, quando Maria responde ao anjo que anunciou a encarnação de Jesus: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc. 1, 38).

A peça poderá ser vista na procissão do Círio de Nazaré de Bragança, na imagem preciosa de Nossa Senhora e ficará pela semana nazarena. As fotos abaixo foram enviadas também de forma exclusiva pelo próprio estilista e já estão disponíveis em sua página nas redes sociais. A doação desse manto do Círio de Nazaré foi do casal Durval e Vera Cabral.

Agradeço de forma especial a deferência de Carlos Amílcar, amigo de longa data, ao blog, sempre muito gentil com o trabalho de divulgar as coisas boas de Bragança, com profissionalismo, gentileza e humildade. Parabéns, Bragança, pelo lindo presente e pela belíssima peça que ornará a preciosa imagem de Nossa Senhora de Nazaré no Círio de 2015.

O Manto do Círio de Nazaré e a temática


A vontade de Deus é um fio de ouro. É como uma rede divina que tece toda a nossa vida terrena e a outra vida. Vai desde a vida terrena até à eternidade: primeiro no pensamento de Deus, depois nesta Terra e, por fim, no Paraíso.
Ao olharmos para Maria, vemos que ela é modelo da Igreja. No Evangelho, Lucas nos apresenta o anjo que convida Maria a entrar na alegria do Senhor. Diante de tão doce Palavra do Senhor para nós que podemos dizer senão o que Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Como Maria, fomos escolhidos para sermos santos sob o seu olhar e sob o seu amor. Nós fomos predestinados para sermos os filhos de Deus. Como Maria e com Maria digamos a Deus o nosso ‘sim’.

O manto bordado sobre cetim italiano traz as seguintes características:

Fundo do manto: o fundo do manto foi totalmente recoberto com vidrilhos cristais e pedrarias em tons de branco. O branco é usado nos Ofícios e Missas do Tempo Pascal e do Natal do Senhor. A cor branca é símbolo de luz, tipificando a inocência e a pureza, a alegria e a glória.

Barrado do manto: por toda a barra segue um acabamento com um delicado galão de metal, todo decorado com rosetas, fazendo menção aos altares da Catedral do Rosário em Bragança. O arremate final do manto contornados por cristais e pedras.

Centro do manto: ao Centro do Manto, se sobrepõe as imagens do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria. Sagrado Coração de Jesus simboliza o momento quando Jesus estava pregado à Cruz, conforme descreve o Evangelho de João, o centurião Longino para verificar se ele estava vivo ou morto, cravou sua lança ao lado direito do Senhor, entre a 5ª a 6ª constela, atingindo o coração do Redentor e naquele mesmo momento saiu sangue e água (Jo 19, 33-34). O Coração do Senhor, aberto pela lança do centurião romano jamais se fechou. Poderíamos dizer que através daquela abertura, generosamente e sem cessar, derrama misericórdia, bondade, proteção e forças para as pessoas de todas as gerações, iluminando decisões, santificando a existência, inspirando procedimentos. Já na imagem do Imaculado Coração de Maria, temos a manifestação do Coração da Virgem Maria ao mundo atual. Desta forma, pudemos conhecer do Céu que o Pai e Jesus querem estabelecer no mundo inteiro a devoção ao Imaculado Coração, que encontra fundamento na Consagração e Reparação a este coração, que no final triunfará. O Coração de Jesus está envolto por um arco de espinhos e o de Maria está atravessado por um punhal. Desse modo, esta primeira representação pode sugerir também, um devido e filial cultivo da devoção em conjunto aos dois Sagrados Corações. Um resplendor na parte de trás, em raios de dégradé amarelo apresenta raios dourados fazendo com que a luz de Cristo esteja sempre presente em todos os corações. Em cima dos corações a Santa Cruz, significando o sacrifício que Deus sofreu na Cruz.

Frente do manto: ladeado por orquídeas apresentadas em ramalhetes em três tonalidades e camadas sobrepostas, bordadas em alto relevo, simbolizam algo sempre presente na arte cristã: a beleza, a perfeição, o amor e o crescimento espiritual, transmitindo para a outra pessoa uma mensagem de harmonia e paz. O fundo das orquídeas estão em tons de rosa (sendo a cor uma variação mais clara do roxo, representando uma quebra na austeridade do Advento e da Quaresma, simbolizando a alegria contida, podendo ser usada nos Domingos Gaudete (III do Advento) e Laetere (IV da Quaresma), em tons de dégradé até o roxo (cor do Advento e do Tempo Quaresmal). O roxo no Advento não significa penitência, mas um recolhimento, uma purificação da vida pela justiça e pela verdade, preparando os caminhos do Senhor. E na Quaresma, refere-se a uma profunda interiorização num tempo forte de penitência e conversão, jejum e oração.


Broche: em ouro branco e dourado o Símbolo do XVII Congresso Eucarístico Nacional, que será realizado em agosto de 2016 na cidade de Belém do Pará, numa flor entalhada pelos jesuítas, presente na Igreja de Santo Alexandre. Na parte externa da igreja, dos elementos arquitetônicos sobressaem as rosáceas, toscamente esculpidas em pedra e barro pelos próprios indígenas. Este elemento sintetiza a presença, não só dos jesuítas no Pará quando a mão-de-obra utilizada, em uma mistura de elementos culturais diversos, europeus e amazônicos. O broche foi confeccionado na Joalheria Zeus, por Shirley Kerver.


Criação, desenho e fotos: Carlos Amílcar Sales Pereira
Ourivesaria: Shirley Kerver (Joalheria Zeus)

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Patrimônio Histórico bragantino abandonado... parte 2

Mais um exemplo da incapacidade total de cuidar do Patrimônio Histórico de Bragança é o descaso, desrespeito e abandono do Coreto Pavilhão Senador Antônio Lemos, na atual Praça Antônio Pereira. Recordo que o coreto foi tombado como patrimônio histórico municipal por força do decreto n.º 010/2008, de 15 de janeiro de 2008 (artigo 1º, item IV), sendo assim de interesse e identidade cultural bragantina e merecendo conservação por parte do Poder Executivo Municipal.


Faço um pequeno apanhado da histórica construção. Eis:
O conjunto construído com o coreto foi erguido no início do século XX, comprado pelo intendente Simpliciano Fernandes de Medeiros em 1908 e só montado pelo intendente Antônio da Costa Rodrigues, sendo inaugurado em 18 de dezembro de 1910. Tem uma relação direta com o patrimônio cultural e arquitetônico da cidade, por ser um dos equipamentos influenciados pelas diretrizes de urbanização do fim do século XIX e início do século XX, que se convencionou chamar de Belle-Époque, um período de auge do ciclo econômico da borracha (hevea braziliensis).


Na época, o coreto foi adquirido como muitos exemplares iguais de catálogos disponíveis, como a famosa empresa Kosmos. Foi trazido da Alemanha e sua estrutura metálica foi transportada pelo trem da ferrovia Bragança-Belém.
Considero que essa peça, a praça (antiga Praça Marechal Deodoro e antigo Paço Municipal) e o Palacete Augusto Corrêa formam um conjunto patrimonial da memória republicana da cidade, além de estar num dos locais mais aprazíveis, bucólicos e arborizados de Bragança, onde outrora aconteciam eventos políticos, culturais (como concertos, exposições e até o Carnaval e corridas hípicas) e onde ainda circulam pessoas e suas memórias.

A situação atual é bem diferente. Até bem pouco tempo, estava em estado razoável de conservação, mesmo necessitando de reparos estruturais, como o forro em madeira, estrutura e partes de alguns adornos de sua cúpula metálica. Porém, a situação do bem não é nada se comprada há poucos anos (vide as fotos antigas abaixo, sendo uma delas do acervo de Lúcio Coutinho).
Sua estrutura metálica está deteriorada e mal conservada. Forro com alçapão aberto há meses. Parte de uma coluna simplesmente subtraída (não se sabe como e nem quem fez). Muita ferrugem. Corrimãos destruídos. Isso sem contar com a desarmonia da pintura alegórica e que em nada se coaduna com o conjunto arquitetônico e com a ocupação do bem, em nada protegido, seja do lixo acumulado dentro e fora do coreto, seja de vândalos e pessoas abandonadas que ali fazem seu lugar de descanso e pouso.

Deixo, além da tristeza em ver e registrar esse abandono, algumas perguntas para nossa reflexão:
a) Como consolidar uma política púbica de cultura e conservação dos equipamentos públicos e urbanos construídos nesse caso?
b) Essa é mesmo “uma cidade que renasce” ou que morre a cada dia refletida na morte de sua cultura e de seus ricos exemplares identitários?
c) Essa é a história que se quer deixar de exemplo?
d) Existe algum departamento ou ente público capaz e responsável de cuidar disso?

Fotos antigas do Coreto (diversos anos)






Fotos Atuais do Coreto (02.10.2015. Acervo pessoal)











quinta-feira, 1 de outubro de 2015

1º de outubro de 1823: adesão de Bragança à Independência do Brasil

Foto: Obelisco Centenário, em Bragança. Acervo pessoal.

O processo que resultou na Adesão da antiga Vila de Bragança ao Império do Brasil foi resultado de diversas articulações para construir, tornar possível e compreensível a suposta unicidade do território brasileiro sob a égide do governo imperial liderado por Dom Pedro I dentre tantos outros fatos ligados a esse processo. Esta construção historiográfica é resultado dos debates em torno das comemorações do Centenário da Independência do Brasil e envolveu intelectuais e seus esforços de reescrever a história regional.
Desde agosto de 1823, com a adesão do Pará e do Maranhão, a notícia correu a província do Grão-Pará e suas vilas mais importantes. A Vila de Bragança estava bem ao lado do Maranhão e com esta parte da sua fronteira mantinha contatos comerciais e culturais muito maiores do que com a capital à época, resultando conforme os relatos numa pressão sofrida pelos bragantinos, em boa parte dos que moravam em Belém e de forças políticas aliadas ao trono imperial.
A notícia da adesão maranhense foi recebida em Bragança no dia 20 de agosto de 1823, segundo ofício do Comandante Militar da Vila ao Senado da Câmara, dentre as fontes no Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Em 29 de setembro, chegou a Bragança Anastácio José dos Passos que logo informou que no Maranhão combatiam alguns bragantinos contra a causa de Independência, chamados então de rebeldes nos documentos do período.
Naquele mesmo dia, na residência do capitão Pedro Miguel Ferreira Barreto, reuniram-se o informante Anastácio José, o vigário e frei Manoel da Encarnação, o capitão Miguel Barreto e outro senhor José Maria de Freitas Dantas, para que fossem tomadas providências junto à Câmara de Bragança para a adesão da vila, transparecendo um grande medo de que os dilemas e conflitos no Maranhão pudessem se avizinhar e chegar a Bragança.
No dia 30 de setembro, a Câmara publicou um edital anunciando que no dia 5 de outubro iria “se aclamar o Nosso Augusto Imperador o Senhor Dom Pedro e jurar-se a Independência Política do Brasil”, conforme o ofício enviado ao Governo Geral da Província, publicado na Revista do IHGP, n.º 4, página 366 e destacado por Bolívar Bordallo, em seu inédito Cronologia Bragantina.
Na narrativa, parte da população da Vila de Bragança dirigiu uma petição pública à Câmara de Bragança em 1º de outubro de 1823, manifestando desejo imediato e unânime de unir-se ao Império brasileiro. A motivação em parte veio da pressão que os bragantinos sofreram de outros moradores de Belém e do medo de que um conflito se aproximasse. Disseram no documento que não mais admitiam delongas e demoras nesse processo.
E nesse 1º de outubro, em reunião extraordinária, realizada às quatro horas da tarde, a Câmara de Bragança anuiu ao requerimento da população, aderiu ao Império do Brasil e aclamou a Dom Pedro, primeiro Imperador. No dia seguinte, procederam ao juramento de adesão à Independência, mas somente em 4 de outubro o governo provincial foi comunicado da notícia e do movimento de adesão popular à nova configuração política do Brasil.
Assim, em um espaço de tempo curto, de menos de uma semana, o processo de independência do Brasil e de unicidade do território brasileiro sob o poder imperial tornou-se uma realidade nas bandas de Bragança, região do Caeté, um dos últimos lugares a aderir a esse sistema político no Brasil, segundo o relato escrito em 1922.
Como bem analisa o historiador Aldrin Figueiredo em artigo referenciado abaixo, é interessante notar, porém, que parte dessa construção histórica vem de um esforço de um grupo de modernistas, intelectuais e membros do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), que em seu tempo e por conta do debate sobre o significado da festa de 100 anos da Independência do Brasil (1822), trataram de coordenar esforços, preparar eventos como o de 1923, publicar teses, reescrever a história paraense (e amazônica), dar lugar a novos sujeitos e dar sentido a datas comemorativas, efemérides locais (de muitas cidades paraenses) e de como esse tempo demarcava a identidade nacional em nossa região. Esta nova "versão" dos fatos também reconfigurava a história paraense e a aproximava da história nacional.
Neste esforço coordenado por João de Palma Muniz e Cândido Costa e para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, a versão sobre a adesão da Vila de Bragança à Independência do Brasil coube a Augusto Corrêa, vinte anos depois prefeito de Bragança, na tese de número VI da Revista do IHGP, nº 4 de 1922. Assim, essa data passou a ter a importância de inserir a cidade e os bragantinos entre tantas outras datas nacionais.

Foto: Obelisco Centenário, em Bragança. Acervo pessoal (2010).

Cem anos depois, comerciantes, agricultores, industriais e políticos aproximados a essa versão defendida para os fatos que envolveram o tempo da Independência no Pará, inauguraram um monumento erguido para celebrar o episódio, o conhecido Obelisco Centenário da Adesão de Bragança à Independência do Brasil, dando ênfase ao Poder Público e citando os nomes de todos os personagens envolvidos no fato de 1823 e demarcando os seus próprios nomes um século depois.
Nas comemorações do 1º de outubro de 1923, os representantes políticos de Bragança, juntamente com muitos outros comerciantes e proprietários lembraram o 1º Centenário de Adesão de Bragança à Independência do Brasil com um evento marcadamente simbólico de sua identidade local, inaugurando o Monumento Obelisco na então Praça Coronel Batista Júnior (hoje Praça da Catedral de Nossa Senhora do Rosário), em frente à Igreja Matriz. A solenidade de inauguração se deu às 11h da manhã, sendo o obelisco em mármore branco, com 2 metros e meio de altura sobre um pedestal octógono de cimento de meio metro de altura. Nas quatro faces do monumento Obelisco, estão as seguintes inscrições:

a) na parte voltada para o nascente:
Senado da Câmara de 1823.
Domingos José de Sousa, Presidente
Aniceto da Cunha
Raymundo da Silva Lobão
Joaquim Inocêncio de Santiago
Vereadores
Manoel Antonio Pinheiro, procurador

b) na parte voltada para o poente:
Presidente da República do Brasil
Dr. Arthur da Silva Bernardes 1922-1926
Governador do Pará
Dr. Antônio Sousa Castro 1921-1925
Intendente de Bragança
Coronel Childerico José Fernandes 1921-1924

c) na face do lado sul:
Conselho Municipal de Bragança
Jose da Silveira Batista
Mariano da Costa Rodrigues Filho
Filenillo da Silveira Ramos
Antônio Manuel Pereira
1918-1924
Manuel Benedito de Mattos
José Pereira Bragança
Ramiro da Cunha Guimarães
José Fernandes de Alencar
1921-1924

d) na face do lado norte:
Homenagem da Intendência,
Commercio, Industria, Lavoura e Povo
ao Município de Bragança,
no 1º Centenário de Adhesão
à Independência do Brasil.
1º de outubro de 1823 – 1º de outubro de 1923

Referências:

FIGUEIREDO, Aldrin Moura de. “Panteão da história, oratório da nação: o simbolismo religioso na construção dos vultos pátrios da Amazônia”. In: NEVES, Fernando A. de F.; LIMA, Maria Roseane C. P. (orgs.). Faces da história da Amazônia. Belém: Paka-Tatu, 2006.

__________. A memória modernista do tempo do Rei: narrativas das guerras napoleônicas e do Grão-Pará nos tempos do Brasil-Reino, 1808-1931Revista do Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, vol. 2. 2008.

__________. Memórias cartaginesas: modernismo, Antiguidade clássica e a historiografia da Independência do Brasil na Amazônia, 1823-1923. Estudos Históricos. Rio de Janeiro. vol. 22., n. 43. janeiro-junho de 2009. pp. 176-195.

MUNIZ, João de Palma. Adhesão do Grão-Pará à IndependênciaRevista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, vol. 6, n. 4. 1922.

RICCI, Magda. História amotinada: memórias da CabanagemCadernos do CFCH, vol. 12, n. 1. 1993.

______. “Folclore, literatura e história: a trajetória de Henrique Jorge Hurley”. In: FONTES, Edilza; BEZERRA NETO, José Maia. (orgs.). Diálogos entre história, literatura e memória. Belém: Paka-Tatu, 2007.