sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O que disse no 1º Encontro de Arte e Cultura em Extensão da UFPA

Ontem fiz a abertura do 1º Encontro de Arte e Cultura em Extensão da UFPA Campus de Bragança, uma excelente oportunidade através da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) de dar ênfase ao relacionamento da UFPA com a comunidade onde está inserida.

Estiveram presentes os acadêmicos de História, de Pedagogia e de Letras do Campus, Prof. Celso Henrique Gomes (rep. PROEX) a Prof.ª Leila Rotterdam (rep. SEMED), Jeane Silveira (rep. SECULD), Gesiel Melo (rep. Assoc. Artistas Plásticos), Antônio Soares (tit. SECULD), Neide Lobão (PROEX Bragança) e Vilma Figueiredo (PROEX Belém). Várias propostas foram debatidas e serão colocadas num documento a ser encaminhado pela UFPA a vários organismos públicos a fim de aproximarmos ainda mais as perspectivas de extensão dos trabalhos em arte e cultura da universidade.

Ao final, o show do Grupo de Rabecas da Associação Cultura Musical Bragantina e do Grupo de Choro da Escola de Música da UFPA, numa verdadeira purificação dos ouvidos.

Destaco alguns pontos de minha intervenção inicial no evento. Eis:

1. Sobre consumo e indústria cultural na atualidade:

A necessidade, cada vez mais crescente, da busca de felicidade tem feito com que as pessoas se deixem influenciar pelo consumo desmedido dos produtos ofertados pela Indústria Cultural, fazendo da arte, de modo especial, da música, um meio de tornar-se igual sem perceber que estão se colocando à margem de sua própria cultura. Neste sentido, é necessário repensar quais são as contribuições da educação no intuito de formar para a emancipação e para a resistência. Porém, com a massificação da cultura em amplo sentido.

2. Sobre arte, educação e cultura:

Aqueles que defendem a arte na escola meramente para libertar a emoção devem lembrar que podemos aprender muito pouco sobre nossas emoções se não formos capazes de refletir sobre elas. Na educação, o subjetivo, a vida interior e a vida emocional devem progredir, mas não ao acaso. Se a arte não é tratada como um conhecimento, mas somente como um "grito da alma", não estamos oferecendo nem educação cognitiva, nem educação emocional. Foi Wordsworth que, apesar de seu romantismo, disse: "A arte tem que ver com emoção, mas não tão profundamente para nos reduzirmos às lágrimas".

3. Sobre que cultura e produto consumimos:

Contudo, a educação formal no Terceiro Mundo Ocidental foi completamente dominada pelos códigos culturais europeus e, mais recentemente, pelo código cultural estadunidense branco. A cultura indígena só é tolerada na escola sob a forma de folclore, de curiosidade e esoterismo; sempre como uma cultura de segunda categoria. Em contraste, foi a própria Europa que, na construção do ideal modernista das artes, chamou a atenção para o alto valor das outras culturas do leste e do oeste, por meio da apreciação das gravuras japonesas e das esculturas africanas.

4. Sobre propostas já defendidas anteriormente em Bragança para a gestão pública:

1) Definir a cultura como o complexo de padrões de comportamento, de crenças, de experiências, de costumes em comum, de instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos da sociedade;

2) Considerar a cultura e as artes em geral como coletiva propriedade do povo;

3) Definir o papel do Poder Público como facilitador e indutor dos processos culturais, influindo e refletindo no processo global de desenvolvimento social;

4) Definir uma gestão democrática da cultura, como circunstância primordial para o exercício do poder pelas instâncias representativas do Poder Público, administradores e atores sociais;

5) Incorporar a participação dos cidadãos nas decisões de interesse público, pelo sistema de representação, pela participação no processo de formulação de programas, planos, projetos e atividades no âmbito da cultura e das artes, seja na implementação das políticas, seja nas negociações, aprovações e na fiscalização das atividades de execução de planos e projetos e de medidas administrativas, técnicas e operacionais;

6) Definir a função social da cultura de acordo com o que se extrai do controle social, integrada às Políticas Públicas;

7) Desenvolver atividades culturais e artísticas dispondo de infraestrutura física e de outros mecanismos adequados às necessidades de dinamização, consolidação e expansão do setor, o que para nós é um desafio enquanto Universidade;

8) Proteger e preservar os bens e valores da história, da cultura e das artes, para que não se perca o sentido de identidade, pertinência e de permanência dos valores materiais e imateriais.

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