“Quisera andar pelo mundo disseminando o amor”.
Eu conheci e atuei socialmente ao lado de Gérson Guimarães, um amigo de minha família, de meu saudoso pai e um nobre companheiro Leão que deixou uma enorme saudade em todos os que conviviam com a sua pessoa. A família, esposa e filhos, parentes, amigos, literatos, acadêmicos e companheiros leões.
Gostaria de prestar uma homenagem a ele, no dia em que lembramos os onze anos de sua partida, em 27 de setembro de 1999, com nossa imensa saudade e admiração por sua magnífica memória e escrita, o que ficará para sempre naquilo que Gérson deixou-nos de herança algo que era também tão seu: o significado da alma bragantina.
Veja como ele escreve. O enredo, a ação e a emoção de Gérson Guimarães nos lembra da importância da valorização das coisas de Bragança, como seus defensores. O autor, com forte personalidade opina e até mobiliza a atitudes dos leitores. Ao mesmo tempo, faz análises sociais e chama a atenção para os fatos que ele, narrador prefere contar, mas deixa sugerido que caiba ao leitor o trabalho de defender a história e a cultura de Bragança para as gerações futuras. Para nosso conhecimento, cópia da página de “Festividades, fatos e Bragantinidade”.
Uma passagem interessante:
“Vamos ingressar num dezembro cheio de paz, de harmonia, de entendimento. Por que pensar na desunião se a vida é tão passageira? Quantos já passaram por esta terra e hoje se encontram no oriente eterno sendo julgados pela grande(za) ou pela pequenês das suas obras?”
Veja outra:
“Vamos dar testemunho de que com a nossa bragantinidade queremos valorizar a nossa cultura, as nossas tradições, porque tudo isso atesta a evidência de que, como dizia o meu falecido amigo Heráclito Silv(i)a, “Bragança foi a terra que Deus criou para uma futura grandeza”. Mas para que isso ocorra tem que contar com o trabalho, com a determinação, com o decisivo apoio de seus filhos, natos e adotivos.”
Gérson Guimarães fala do Feriado de 8 de julho, da sua relevância e significado. Nesse artigo “O bragantino e o 8 de julho”, Gérson depõe sobre a data, sua história e indica caminhos da perpetuação da história de Bragança para o futuro, como um visionário e agradece a menção honrosa a seu nome, como sendo “A Relíquia Cultural de Bragança”. Abaixo página do artigo “O bragantino e o 8 de julho”.
Ele não tratou apenas dessa data, mas também do Feriado de 1º de outubro e do Obelisco Centenário de Adesão de Bragança à Independência. A forma linear na crônica escrita por Gérson Guimarães nos deixa um cenário da passagem do escritor por Bragança, como quem ouve o relato de uma viagem, com riqueza de detalhes e precioso vocabulário.
O autor não deixa de escrever até mesmo para falar sobre os vultos históricos e culturais de Bragança, como em várias oportunidades, em que citou o lendário Japaca, com o artigo “Memórias de um Filósofo Popular”, em que perpetuou na escrita, esse que foi um dos mais famosos andarilhos de Bragança, o folclórico Japaca, com a sua mais citada “pérola” da Filosofia, com a história de “E o nó? (Japaca)”. Abaixo artigo sobre o folclórico e caricato Japaca.
Em “São Benedito da Pequena Ermida”, ele diz:
“As lágrimas descem, porque o coração tem razões que a própria razão desconhece, ou porque Deus pôs o prazer tão perto da dor que muitas vezes nós choramos de alegria”.
“Vou parar de escrever. Tinha milhares de palavras para externar o que sinto nesta hora. À minha frente tenho o quadro com a imagem de São Benedito. Olho para ele e parece que o vejo confirmar a nossa amizade”.
Gérson Guimarães atuou no Lions Clube de Bragança, onde foi secretário por muitos anos e Presidente na década de 80. Escreveu também com humor, na edição e distribuição do folheto impresso “Leão do Caeté”, quando fazia parte desse clube de serviço. No folheto, ele exaltava, com muita alegria, as características marcantes de seus companheiros de serviço, os chamados associados Leões, num trabalho que deixou saudades naquela instituição pelo seu senso de fraternidade e de grande afeto por seus colegas.
Por várias oportunidades deixava recadinhos e pequenos acrósticos em lenços de papel, frutos de sua espontaneidade, escritos à mão em eventos do Lions e do LEO Clube de Bragança e dados aos companheiros, que os guardam com carinho como relíquias de sua arte e poética. Eu fiquei com alguns desses recados carinhosos.
Deixou, por certo, um lugar vago no seio do Lions Clube de Bragança e uma grande saudade. Nós só podemos agradecer a Gérson Guimarães por sua passagem nesta vida e por lembrar a todos de que Bragança, suas tradições e suas histórias devem servir como escudo defensor do valioso patrimônio por nós herdado. Obrigado meu nobre companheiro Gérson Guimarães! Abaixo, notícia de seu falecimento em jornal da época.
Fonte: O Imparcial, O Semanário e Tribuna do Caeté. Acervo particular de Manoel Aviz de Castro.
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