Na primeira enquete que fiz, pensei em tantas perguntas, mas me veio na cabeça a ideia de saber o que os/as amigos/as e leitores/as do blog queriam para a nossa cidade em 2010. Tivemos esse mês para votar e abaixo seguem as respostas em seus resultados percentuais. Postarei comentários em seguida.
Do que mais Bragança precisa em 2010?
Infraestrutura e melhoramentos urbanos: 56%
Saúde e Segurança: 18%
Educação e Cultura: 12%
A mesma coisa de 2009: 12%
Meus comentários:
É bastante lógico que os/as leitores/as que votaram na enquete pensem em Infraestrutura, já que nossa cidade cresceu nos últimos 20 (vinte) anos em ritmo desordenado e nada foi feito pelos poderes públicos constituídos para tal. Exemplos disso são adensamentos urbanos, as chamadas "invasões" (termo popular e às vezes pejorativo), que precisam de obras, saneamento básico, água potável, energia elétrica regularizada, moradia digna.
Um problema sério na infraestrutura está na baixa qualidade daquilo que foi feito em anos anteriores e até mesmo agora, como galerias, asfaltamento (se é que podemos chamar assim), iluminação pública e serviços como a limpeza pública e a condição de tratamento de esgoto (inexistente até o momento). Uma cidade que se quer precisa de espaços urbanos de melhor qualidade e descentralização de outros, com a criação de mercados nos bairros, ginásios poliesportivos, postos de saúde, etc.
Isso foi pensado pelos atuais gestores. Até que ponto será realizado? Vamos ver! E algumas obras estão sendo feitas, com o ritmo peculiar de obras públicas, como o Posto de Saúde do bairro do Taíra (desde 2008) e o asfalto nas ruas, que até deu uma cara nova à cidade. Temos que lutar e exigir que se cumpra o Plano Diretor Municipal Participativo em todas as suas nuances, já que prevê uma atuação maior e mais direcionada dos poderes públicos quanto às necessidades da cidade e de sua vida urbana.
Sobre o segundo lugar para Saúde e Segurança, fica claro a demanda quando pensamos na crescente violência, tráfico de drogas, prostituição de crianças e adolescentes, acidentes de trânsito, descumprimento das leis, consumo excessivo de bebidas alcóolicas e drogas, desrespeito aos direitos sociais (poluição de todos os tipos, especialmente a visual e sonora), desmandos, atendimento nos serviços de saúde, equipamentos e recursos humanos.
Fica aqui uma opinião a respeito do assunto, bastante contundente, eu diria, mas não descabida. Ainda é grande o número de pessoas que morrem em consequência de atendimento em equipamentos de saúde em Bragança que não sabem dar um diagnóstico mais preciso, ou seja, por não termos ainda profissionais aptos para as complexidades de saúde, como em traumatologia, cardiologia, neurologia, doenças infecto-contagiosas, entre outras. Ter unidades de tratamento intensivo, semi-intensivo, renal crônico é uma melhoria, mas deixar os hospitais à míngua no final de semana, não dá. Isso não é uma conjectura, aconteceu com a minha família num hospital de Bragança há poucos meses. Assim esses pacientes são encaminhados à capital do Estado quando seu estado já é praticamente irreversível. Setores cresceram, isso é inegável. E o atendimento melhorou? Eu pergunto...
A respeito do terceiro lugar para as duas outras sugestões da enquete, Educação e Cultura e A mesma coisa de 2009, não me assustei tanto, já que em nossa cidade ainda não existe uma cultura educacional, ou seja, mesmo se falando de Educação, Cultura, essas coisas, a ação dos poderes públicos e dos chamados Conselhos (muitos inexistentes, outros sem poder deliberativo, como os de Educação e Cultura) fica sendo abaixo do esperado. Outros ainda querem permanecer como estão, confortavelmente envolvidos numa aura de fisiologismos.
Vamos aos fatos. Educação não se faz em evento, mas com uma política, com gestão, com controle social. Concordo em maioria, com muitos trabalhos desenvolvidos pelos órgãos da Educação em Bragança (da rede pública e particular), mas o tratamento dado à política educacional ainda é o de manutenção de poderes, dinastias, vinganças, privilégios, predileções, anti-profissionalismo, patrimonialismo, indicações políticas, criação de mitos, e outros tantos.
Com relação à Cultura, me vem a súbita impressão de que foi traída pelos discursos sem propósitos, literalmente. Os discursos são uns, as práticas são outras. Quem tem olhos para ver, veja. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Quem quiser comprovar, fiscalize. Quem quiser ficar de "mal", que fique! Problema é seu!
Mas por outro lado, muitos de nossos estudantes de todos os níveis ainda não crescem com perspectiva de melhor qualidade de vida, na cultura do saber, do conhecer, do experimentar, de valorizar o aprender, pois estão sendo levados por necessidade histórica ao trabalho, ao subemprego, à desestruturação familiar a partir de uma gravidez fora de tempo (nada contra, em absoluto, às gestantes!), pouca insistência no valor da leitura, falta de autoestima de profissionais da Educação, dentre outras situações a olhos nus.
Em se tratando do tópico A mesma coisa de 2009, é preciso salientar que Bragança precisa de mais em 2010. Ano de eleições. Ano de campanhas eleitorais, que devem ser ferrenhas. Ano de desconfortos partidários. Ano de promessas. Ano de Copa do Mundo. Estamos tratando do futuro de Bragança, ou olhando para o nosso próprio umbigo simplesmente? Que Bragança queremos? Não estamos correndo "em busca/atrás do próprio rabo"?
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