Benedito Coutinho da Silva
(*25.12.1936, +15.07.2012)
Benedito
Coutinho da Silva, ou simplesmente Zito, era o principal rabequeiro do Regional
da Marujada de São Benedito de Bragança. Nasceu em 25 de dezembro de 1936, em Augusto
Corrêa (quando ainda era Urumajó), filho do casal Leopoldo Magno da Silva e
Maria Isabel da Silva. Seu pai era agricultor e tocador de violino.
Cursou
até o terceiro ano primário adiantado. Trabalhou na roça, foi pescador e
vigilante no Mercado de Aturiaí (distrito de Augusto Corrêa). Seu apelido foi
dado devido a sua estatura pequena, como ele mesmo contava, ao lembrar de como
as pessoas o chamavam de “zitito”.
Casou-se
com Maria Izabel Coutinho da Silva e teve nove filhos. De 1978 a 2002 trabalhou
como servente na Prefeitura de Bragança, onde se aposentou.
Além
do pai, o tio Gerardino fabricava violino e sabia tocar. Conheceu também o
tocador Manoel dos Santos, já falecido, que morava em Aturiaí e era o titular
da Marujada. Foi nesse ambiente que Zito cresceu, cercado pelo som do violino
bragantino chamado rabeca, começando a tocar aos 12 anos, com o pai, em festas
e bailes. Zito dizia que o violino era o cantor dos bailes e que aprendeu a
tocar o instrumento simplesmente por acompanhar as músicas nessas festas onde
participava.
Coincidentemente,
Seu Zito veio a substituir Manoel dos Santos como titular da rabeca da Marujada
de Bragança. Apesar da dificuldade em viver da música, Zito foi trazido pra
Bragança pelo Sr. Arsênio Pinheiro (procurador da então Irmandade do Glorioso São
Benedito de Bragança), com cerca de 50 anos, função que ocupou até hoje, como
rabequeiro oficial da Marujada de Bragança.
O
toque de Zito era inconfundível e cheio de suas impressões pessoais, com graça
e elegância, com seriedade e com o jeito bragantino de empunhar o violino, com
uma afinação característica que aprendeu sozinho, seguindo os conselhos de seu
pai Leopoldo.
Seu
Zito participou no ano passado do Circuito Sonora Brasil (Norte e Nordeste) do
SESC, com um grupo de músicos da Marujada de Bragança por diversas cidades do
país, junto com o também músico bragantino Júnior Soares, participante e grande
articulador do projeto. Essa turnê foi noticiada aqui no blog.
Zito,
“zitito” só no tamanho e imenso na sua arte e no seu ofício impressionava a
todos quando estava no salão, passava despercebido em alguns momentos, mas o
som da essência beneditina da dança da Marujada segue com ele, hoje, quando Bragança
perde mais um de seus mestres da cultura popular. Graças a um empenho
particular, Zito deixa alguns seguidores, que certamente farão no Regional da
Marujada a perpetuação de seu legado, tocando, animando e encantando marujos e
marujas, que hoje, entristecidos, reverenciam a memória desse grande mestre.
Descanse
em paz, grande amigo! Sentirei falta de seu sorriso largo e não “zitito”, da
sua torcida, admiração pelo meu trabalho e do seu incentivo. Vá em paz, espero um
dia ouvi-lo na Marujada celeste. Enquanto isso, toque por lá e anime um pouco
mais o céu, porque aqui o negócio anda meio triste!
Texto com informações de: MORAES, Maria José Pinto da
Costa; ALIVERTI, Mavilda; SILVA, Rosa Maria Mota da. Tocando a Memória - Rabeca. Belém: IAP, 2006. 140 p.
Fotos: Flavya Mutran, Sonora
Brasil e acervo pessoal.
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