domingo, 3 de abril de 2011

Café das Almas: lenda da Estrada de Ferro de Bragança (1908-1966)

Café das Almas

A lenda do “Café das Almas” está registrada na “Bragança Ilustrada” (o texto se encontra entre os números 51 e 54, na sessão Janela de Bragança da Revista Bragança Ilustrada) escrita pelo professor Jorge Daniel de Sousa Ramos.

Ao lado do terminal, onde hoje está localizado o Comando de Polícia Militar, ali vinha uma cerca de jarana, “cerca de jarana brava” (Rodrigues Pinagé); e ali ao final tinham uns dois botecos. Neles se vendia café, tapioca, mingau etc., principalmente quando o pessoal que vinha da boemia, que era ali próximo, onde hoje está o Hotel Millenium, tinha uma casa noturna chamada clube “Iara” ou seja, o Iara Bar. O pessoal subia já altas horas da madrugada pra vir pra casa, e tinha que passar no boteco para tomar o seu café ou fazer qualquer tipo de parada, tomar uma espécie de merenda. E numa noite de segunda-feira, chovia bastante e o cidadão estava lá, já dorminhoco, pouca gente, sem movimento, noite chuvosa. E neste leve cochilo, chega um homem vestido de preto, chapéu, magro e alto. Ele vai e pede um café. O dono do estabelecimento serve-lhe o café.

Quando o homem termina o café, ele se dirige para o dono do boteco e diz: - Você sabia? Já é meia-noite!

E o dono responde: - É, eu acho que já vou até fechar porque não dá mais nada, não.

O homem tomou o café e colocou a xícara sobre a mesa e foi saindo. O dono do boteco viu que ele já estava com uma certa distância, chamou de lá, gritou: - Hei! O senhor não vai pagar a conta?

Aí o homem vem retornando.

E em algum momento, o dono do boteco baixou a cabeça, e quando levantou de novo estava diante dele uma caveira. Correu para a Estação do trem, porque naquela época à uma da madrugada já tinham passageiros esperando o “horário”. Correu dizendo a todos que tinha uma visagem em seu boteco.

As pessoas rapidamente o seguiram e ao chegar lá não viram nada a não ser a xícara em cima do balcão. Todo mundo ficou apavorado e por causa desse acontecimento, o homenzinho no dia seguinte colocou a placa, e o boteco passou a se chamar “Café das Almas”.

Fonte: Projeto de Pesquisa “Reminiscência da História Urbana de Bragança, em fontes do século XX”

Imagem: Estação da Estrada de Ferro de Bragança. Acervo Particular

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