UFPA recupera mangue em Bragança
por Jéssica Souza
Foto: Acervo do Pesquisador
Imagine um manguezal, rico em biodiversidade, funcionando nas suas condições naturais, abrigando uma infinidade de espécies da flora e fauna amazônicas, servindo como fonte de alimento para animais e seres humanos e como local de refúgio a algumas espécies que o utilizam para se proteger de seus predadores naturais... De repente, algo interfere na paisagem. Uma grande estrada é construída em meio a esse manguezal, que, desde então, nunca mais foi o mesmo. Trata-se da região do salgado paraense, onde a PA-458 soterrou igarapés e canais, degradou grande área de florestas de mangue, o que configurou um dos maiores impactos nos manguezais da amazônia brasileira.
A região, hoje pertencente ao município de Bragança, no interior do Pará, a leste, é banhada pelo rio Caeté, e, a oeste, pelo rio Taperaçu. O manguezal bragantino fica em uma península entre esses dois rios. A construção da estrada vetou a ação da maré, de modo que o Caeté não pode mais alimentar o lado do mangue que ficou a oeste da estrada, sendo que o rio Taperaçu não tem força suficiente para inundar todo esse território. Temos, portanto, de um lado, um manguezal rico em vegetação e vida animal e, do outro, um manguezal totalmente devastado por falta d’água.
Um projeto desenvolvido pela Universidade Federal do Pará busca, justamente, recuperar, por meio de reflorestamento, as áreas de mangue degradadas. Promover a restauração dos manguezais degradados em Bragança é o objetivo do Redema. O professor Marcus Emanuel Barroncas Fernandes, lotado no Campus de Bragança, e o geógrafo Takaiuki Tsuji deram início ao Projeto em 2005, com financiamento da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), voltada para causas ambientais ao redor do mundo, a partir da iniciativa de moradores da Vila de Tamatateua de replantar a área degradada. Com o apoio de alguns alunos do Laboratório de Ecologia de Manguezal (Lama), o Projeto já teve diversos desdobramentos até hoje.
Pesquisador propõe soluções
A PA-458 começou a ser construída em 1974. Somente na década de 90, ela foi concluída de fato. Mais de
Mas como jogar água em um local que não tem o alcance dos rios? Segundo o pesquisador, há, pelo menos, duas saídas. A primeira seria construir uma tubulação que passasse por baixo da estrada para que a água do Caeté chegasse até o lado oeste da PA-458. Isso requereria a reconstrução de alguns trechos da estrada, o que deveria ter sido pensado desde o início da concepção da obra. A segunda seria a construção de canais, ou seja, trincheiras com alimentação proveniente de poços reservatórios de água, os quais seriam utilizados para irrigar o manguezal.
Tais experiências já tiveram êxito, por exemplo, na Indonésia e no México. Porém o Redema não tem condições de fazer isso sozinho. "Seria necessário muito dinheiro e a permissão do Estado e do município. Se assim ocorresse, o Projeto garantiria o replantio em larga escala e, talvez, a recuperação dessas áreas degradadas", ressalta o pesquisador. Um sonho que merece se tornar realidade.
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