segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Dies Natalis (dia do nascimento para a Vida Eterna) de Dom Miguel Maria Giambelli, por Pe. Aldo Fernandes

“Viver pra mim é Cristo e morrer é lucro” (Filipenses 1,21)

Hoje, 26 de dezembro de 2010, Festa da Sagrada Família, um dia após o Natal do Senhor, Dom Miguel Maria Giambelli, bispo emérito da Diocese de Bragança, foi chamado de volta à Casa do Pai.

Aos 90 anos, Dom Miguel faleceu às 8h da manhã, em virtude de parada cardio-respiratória, no seu amado Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria, onde viveu como Bispo emérito por quase 15 anos, em generosa e edificante dedicação aos doentes, visitados leito a leito diariamente, recebendo consolação, perdão, Unção e especialmente a Eucaristia, num trabalho silencioso e digno de louvor no anúncio do Evangelho de Cristo Redentor.

Nascido na cidade italiana de Flero, a 23 de março de 1920, e ordenado padre barnabita a 4 de julho de 1943, o Pe. Miguel Maria Giambelli veio ao Brasil como missionário ainda muito jovem, para compor a equipe de missionários que assumiu a recém criada Prelazia do Guamá, confiada pelo Papa à Congregação dos Clérigos Regulares de São Paulo (Barnabitas). Assumiu os cargos de Vigário da Basílica de Nazaré, em Belém, e Vigário Geral da Prelazia do Guamá.

Capitaneado pelo grande Bispo Missionário, Dom Eliseu Maria Coroli, juntamente com seus confrades barnabitas, Pe. Miguel Giambelli foi o coordenador das atividades pastorais que, aos poucos, geravam a futura Diocese de Bragança.

Homem de ampla cultura, organizador nato, de firme caráter e excelente doutrina, zeloso em seu ministério sacerdotal, Pe. Miguel foi se destacando no que empreendia: Santas Missões Eucarísticas, organização das pequenas comunidades, colocação dos radio-postos para a transmissão radiofônica da Missa e da Catequese aos longínquos pontos da Prelazia, a promoção vocacional das Irmãs Missionárias de Santa Teresinha e dos futuros sacerdotes barnabitas e diocesanos, o Seminário Santo Alexandre Sauli, a implantação do Sistema Educativo Radiofônico de Bragança – SERB, novas paróquias, projetos de desenvolvimento de cooperativas e formação de lideranças comunitárias, publicação de Catecismos da Iniciação Cristã, Catecumenato Apologético e Orientações Pastorais de Lideranças Comunitárias, além de Assembléias Pastorais e freqüentes visitas às Paróquias, tudo feito em cooperação com Religiosas e Leigos por ele bem orientados.

Tornando-se Dom Eliseu bispo prelado emérito, a partir de 1977, Pe. Miguel foi designado pelo Papa como Administrador Apostólico da Prelazia do Guamá, no imediato advento de sua elevação à condição de Diocese.

A 15 de junho de 1980, o Papa João Paulo II elevou a Prelazia do Guamá à condição de Diocese de Bragança, nomeando Pe. Miguel Maria Giambelli como seu primeiro Bispo Diocesano. Com o lema episcopal in Spiritu Sancto (No Espírito Santo), por 16 anos (1980-1996), Dom Miguel desempenhou seu ministério episcopal com ardor missionário, fidelidade a Cristo e à Igreja, podendo já ver os frutos do seu trabalho: o Seminário Paulo VI, do qual surgiram aos poucos seus mais de 30 sacerdotes diocesanos ordenados por ele, a construção do Centro Pastoral Guadalupe e a implantação da Escola de Formação de Animadores Comunitários - EFAC, crescimento de novas paróquias, chegada de novas Congregações Religiosas femininas e masculinas, padres Fidei Donum (Dom da Fé), oriundos das Dioceses italianas de Brescia, Piacenza, e da diocese brasileira de Bragança Paulista, além de Leigos e Leigas Missionários. Coube a ele também os preparativos do Processo de Beatificação do seu predecessor, Dom Eliseu Maria Coroli.

Concluído o seu fecundo período de governo pastoral na Diocese de Bragança, Dom Miguel escolheu de morar e trabalhar no Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria, em Bragança, e assumiu outra fecunda e exemplar modalidade de vida pastoral: oração, visita e assistência espiritual e pastoral aos doentes, publicações de panfletos evangelizadores para a formação dos funcionários e todos os que freqüentavam as Missas por ele celebradas diariamente na Capela do Hospital.

Durante o período no Hospital, Dom Miguel viveu pobremente, nada exigindo para seu conforto, acolhendo aos inúmeros fiéis que o procuravam sobretudo para celebrar a Reconciliação e ouvir seus conselhos, confiado inteiramente às mãos da Mãe da Divina Providência, a quem se devotou como religioso barnabita, num alegre convívio com as Religiosas, os Médicos, Enfermeiros e demais Funcionários do Hospital Santo Antônio, que tanto o apreciavam, como ele mesmo se intitulava: o amigo dos doentes”. Ele mesmo justificou esta sua opção de vida: desde o meu primeiro dia aqui no hospital, o empenho que assumi foi o de visitar cotidianamente todos os doentes. Isto que eu tento fazer com meus pobres irmãos, e particularmente com os analfabetos na fé; é procurar convencê-los quanto Deus lhes ama e quanto Ele quer ajudá-los para aliviar seu sofrimento. E encher seus corações de santa alegria, mas depende deles permitirem que Deus atue como Pai e Salvador.

Após completar 90 anos de vida, e já debilitado pelas doenças vasculares, Dom Miguel sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) no dia 19 de novembro de 2010, sendo internado no Hospital Santo Antônio. Evoluindo para pior, Dom Miguel veio a falecer por parada cardio-respiratória a 26 de dezembro de 2010, às 8h da manhã. O corpo de Dom Miguel será sepultado na capela mortuária dos Bispos, que está na parte posterior do altar-mor da Catedral de Nossa Senhora do Rosário, em Bragança, ao lado do túmulo do Servo de Deus, Dom Eliseu Maria Coroli, aberta à visita dos fiéis.

Os Bispos do Regional Norte II da CNBB, a Diocese de Bragança, na pessoa seu atual Bispo Diocesano, Dom Luís Ferrando, sucessor de Dom Miguel, a Congregação dos Barnabitas, os Sacerdotes, Diáconos, Religiosos, Religiosas, e todos os demais Fiéis Leigos e Leigas que o conheceram ou com ele conviveram, elevam a sua gratidão ao Pai Celestial (como carinhosamente costumava chamar a Deus Pai), a Cristo Jesus – de quem Dom Miguel foi o arauto em terras bragantinas, ao Espírito Santo, a quem ele levou tantos a se converter e viver de vida espiritual dedicada: exemplo de vida pastoral como religioso, sacerdote e bispo, todos nós temos muito a aprender de sua fidelidade a Cristo e à Igreja e agradecer pelo bem que nos fez. Do Céu, após ter vivido para Cristo e ter a morte por lucro, Dom Miguel interceda por seus filhos que o pranteiam, enquanto peregrinam a caminho do Reino Eterno de Cristo Jesus.

Pe. Aldo Fernandes

Secretário Diocesano / CNBB - Regional Norte II

Fonte:

http://www.diocesedebraganca.com/site2/home/noticias/330-falecimento-de-dom-miguel-maria-giambelli.html

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