Faleceu
hoje o grande historiador Eric John Erneast
Hobsbawm, aos 95 anos, vítima de pneumonia, no Royal Free Hospital,
em Londes, nas primeiras horas de hoje, onde estava internado. Lutava contra uma
leucemia já há alguns anos. A informação foi dada por sua filha Julia Hobsbawm.
Deixa viúva a sua esposa por mais de 50 anos, Marlene Schwarz, três filhos,
sete netos e um bisneto.
Eric
Hobsbawm era considerado um dos mais eminentes historiadores ainda em atividade
e um dos pensadores imprescindíveis do século XX. Era uma figura consagrada nos
meios acadêmicos e também controversa, por sua longa ligação com o Partido Comunista,
a quem apoiou e se filiou.
Entre
os seus vários livros, provavelmente um dos mais lidos e indicados é “Era dos Extremos: o breve século XX (1914-1991)”,
traduzido para cerca de 40 idiomas, que recebeu diversos prêmios internacionais
e é uma das obras do autor mais indicadas no meio acadêmico pelo mundo.
Influente em várias gerações
de historiadores e políticos, por suas obras relacionadas ao século XX,
Hobsbawm nasceu em uma família judaica, filho de Leopold Percy Hobsbaum, inglês,
e Nelly Grünum, austríaca, em Alexandria, no Egito, em 09 de junho de 1917, às vésperas
da Revolução Russa, quando esse território pertencia ao Império Britânico, daí
ser considerado cidadão britânico.
Eric casou duas vezes,
primeiro com Muriel Seaman em 1943. Após o divórcio em 1951, o historiador
casou com Marlene Schwarz, com quem viveu até sua morte e com a qual teve dois
de seus filhos Andy e Julia. Também é pai de Joshua, de uma relação anterior.
Foi criado em Viena, na Áustria,
no período entre as duas grandes guerras mundiais, antes de seguir para a sua
vida em Berlim, na Alemanha, em 1931, após a morte de seus pais, período em que
acompanhou a ascensão ao poder de Adolf Hitler. Mudou-se para Londres quando
Hitler tornou-se chanceler alemão e entrou para o Partido Comunista britânico em
1936.
Estudou História e obteve o
título de Doutor na Universidade de Cambridge, depois se tornou professor no Birkbeck
College de Londres, centro ao qual seguiu ligado por toda a carreira, desde
1947 e onde também foi reitor. Em 1978 entrou para a Academia Britânica de Ciências
Sociais. Atuou como professor em universidades de prestígio internacional, como
Stanford, Massachusetts e Cornel. Fez parte da Academia Americana de Artes e Ciências
e ainda continuou como professor da New School for Social Research, em Nova
Iorque.
Foi membro de um grupo de
historiadores britânicos, onde figuram Christopher Hill, Rodney Hilton e Edward
Palmer Thompson, que na década de 1960, apesar da desilusão com a queda do
regime soviético, mantiveram a sua vinculação ao marxismo e procuraram entender
a História da organização das classes populares, por meio do que se conhece hoje
como História Social.
Seu último livro, “Como Mudar o Mundo”, lançado em 2011 é
uma defesa do uso da metodologia retirada das ideias marxistas para analisar a
crise mundial. Sua vida e obra refletem um grande compromisso com o marxismo,
tema tratado, por exemplo, em 12 volumes da obra “História do Marxismo”.
Mesmo tendo consciência dos
excessos praticados pelos exemplos do comunismo totalitário, Eric Hobsbawm foi
até o fim fiel às suas ideias, sustentando que “a injustiça social ainda
deve ser denunciada e combatida”, já que “o mundo não vai melhorar por
si só”. Deixa um grande legado a todos os historiadores, em obras,
palestras e exemplo de vitalidade e atuação na historiografia do século XX,
como um dos mais indicados autores e historiadores desse tempo.
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