segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Luto. O mundo e a História dizem adeus a Eric Hobsbawm (*09.06.1917, +01.10.2012)



Faleceu hoje o grande historiador Eric John Erneast Hobsbawm, aos 95 anos, vítima de pneumonia, no Royal Free Hospital, em Londes, nas primeiras horas de hoje, onde estava internado. Lutava contra uma leucemia já há alguns anos. A informação foi dada por sua filha Julia Hobsbawm. Deixa viúva a sua esposa por mais de 50 anos, Marlene Schwarz, três filhos, sete netos e um bisneto.
Eric Hobsbawm era considerado um dos mais eminentes historiadores ainda em atividade e um dos pensadores imprescindíveis do século XX. Era uma figura consagrada nos meios acadêmicos e também controversa, por sua longa ligação com o Partido Comunista, a quem apoiou e se filiou.
Entre os seus vários livros, provavelmente um dos mais lidos e indicados é “Era dos Extremos: o breve século XX (1914-1991)”, traduzido para cerca de 40 idiomas, que recebeu diversos prêmios internacionais e é uma das obras do autor mais indicadas no meio acadêmico pelo mundo.
Influente em várias gerações de historiadores e políticos, por suas obras relacionadas ao século XX, Hobsbawm nasceu em uma família judaica, filho de Leopold Percy Hobsbaum, inglês, e Nelly Grünum, austríaca, em Alexandria, no Egito, em 09 de junho de 1917, às vésperas da Revolução Russa, quando esse território pertencia ao Império Britânico, daí ser considerado cidadão britânico.
Eric casou duas vezes, primeiro com Muriel Seaman em 1943. Após o divórcio em 1951, o historiador casou com Marlene Schwarz, com quem viveu até sua morte e com a qual teve dois de seus filhos Andy e Julia. Também é pai de Joshua, de uma relação anterior.
Foi criado em Viena, na Áustria, no período entre as duas grandes guerras mundiais, antes de seguir para a sua vida em Berlim, na Alemanha, em 1931, após a morte de seus pais, período em que acompanhou a ascensão ao poder de Adolf Hitler. Mudou-se para Londres quando Hitler tornou-se chanceler alemão e entrou para o Partido Comunista britânico em 1936.
Estudou História e obteve o título de Doutor na Universidade de Cambridge, depois se tornou professor no Birkbeck College de Londres, centro ao qual seguiu ligado por toda a carreira, desde 1947 e onde também foi reitor. Em 1978 entrou para a Academia Britânica de Ciências Sociais. Atuou como professor em universidades de prestígio internacional, como Stanford, Massachusetts e Cornel. Fez parte da Academia Americana de Artes e Ciências e ainda continuou como professor da New School for Social Research, em Nova Iorque.
Foi membro de um grupo de historiadores britânicos, onde figuram Christopher Hill, Rodney Hilton e Edward Palmer Thompson, que na década de 1960, apesar da desilusão com a queda do regime soviético, mantiveram a sua vinculação ao marxismo e procuraram entender a História da organização das classes populares, por meio do que se conhece hoje como História Social.
Seu último livro, “Como Mudar o Mundo”, lançado em 2011 é uma defesa do uso da metodologia retirada das ideias marxistas para analisar a crise mundial. Sua vida e obra refletem um grande compromisso com o marxismo, tema tratado, por exemplo, em 12 volumes da obra “História do Marxismo”.
Mesmo tendo consciência dos excessos praticados pelos exemplos do comunismo totalitário, Eric Hobsbawm foi até o fim fiel às suas ideias, sustentando que “a injustiça social ainda deve ser denunciada e combatida”, já que “o mundo não vai melhorar por si só”. Deixa um grande legado a todos os historiadores, em obras, palestras e exemplo de vitalidade e atuação na historiografia do século XX, como um dos mais indicados autores e historiadores desse tempo.

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