sexta-feira, 9 de março de 2012

À Fernanda, in memoriam...

À Fernanda, in memorian

Saudades... ah, muitas saudades.

Palavra que só nós, em português, conhecemos. Que só nós, que a falamos e a sentimos, podemos entender o quanto é. Fernando Pessoa dizia isso. E hoje, a usamos para dizer que temos e teremos muitas saudades de outra Fernanda, a nossa Fernandinha.

Dos tempos da infância aos tempos da maturidade, abruptamente interrompida, Fernanda, nos deixa uma lembrança de exatos 35 anos, vividos até ontem, em Belém, quando Deus a colheu do seu jardim humano, para enfeitar, com o seu sorriso inconteste, o jardim do céu.

Fernanda era uma mulher bastante extrovertida, alegre, filha presente, mãe zelosa de Gabriel, de Amanda e de Manoela, com seu esposo Joelber, amiga de muitas horas de tantos aqui presentes.

Comigo estudou, mas com tantos dançou, desfilou, brincou, jogou... fez de tudo um pouco, do colégio à praça, de casa à Igreja, do trabalho ao lazer, sempre com carinho, charme e elegância, que eram características de sua vida terrena e, como falei, nos reservarão ainda uma lágrima de saudades e um sorriso do breve tempo.

Era bastante devotada a todos os seus, à sua família, aos amigos, à vida social e à Igreja. Devota de São Benedito, era maruja e fez do seu filho Gabriel uma testemunha dessa devoção, como juiz da Festa de 2007. E hoje, Fernanda, aqui neste templo dedicado ao glorioso padroeiro, nós nos despedimos de você, já com saudades.

Para você, é um momento de especial renovação, porque Deus, na sua infinita sabedoria, deu à natureza, a capacidade de desabrochar a cada nova estação e a nós a capacidade de recomeçar apesar de tudo, apesar da dor, apesar da partida, pois nós cremos firmemente na Ressurreição.

Muitos aqui, como eu, não puderam te dar aquele abraço no teu aniversário há 5 dias atrás, nem puderam com você sorrir por novos motivos e até se emocionar por outros. Você fez isso para nós, e nos deixará de presente a memória, o eterno. Por isso, somos gratos a Deus por nos permitir ganhar, nós mesmos, o seu presente, a sua linda passagem por aqui, rápida, mas intensa.

E o amor? Ah... o amor... para nós devia ser sagrado como o pão de cada dia, devia ser necessário como o infinito amor de Deus, devia ser o sangue e o suor de nosso corpo, devia ser o sal da lágrima e o gesto do sorriso. Mas, é assim! O amor é para sempre. E por esse amor, te guardaremos no caixa forte, naquele que só a gente sabe como entrar, naquele onde a sua lembrança estará guardada perfeitamente, bela como eras, onde podemos, quando quisermos, te encontrar a qualquer momento e matar a saudade que agora nos aflige... Aqui, Fernanda, no coração.

A você, Fernanda, que gerou a vida em sua plenitude, e nos deu lições de como encará-la com dignidade e perseverança, mesmo com os dissabores, não bastaria um simples obrigado. A você, Fernanda, esposa, filha e mãe por natureza, por opção e por amor, não bastaria dizer que não temos palavras para agradecer tudo isso, pois o que acontece agora é a procura árdua por uma forma verbal de exprimir essa emoção ímpar.

A você, Fernanda, nosso sorriso envolto em centenas de lágrimas, não pela perda, mas pela saudade, não pela tristeza, mas pela fé na Ressurreição, não pela partida, mas pela vida que te escolheu para virar algo entre o eterno e o efêmero, entre o passageiro das coisas humanas e o infinito das coisas de Deus e de viver a partir de hoje sem você. Ficará em nós uma grande saudade de tudo da Fernanda, de cada depoimento, de cada encontro, de cada sorriso largo, de cada alegria sua que se transformava em nossa alegria e a certeza do reencontro em breve.

Cada um de nós guardará sua memória e a sua passagem e lutaremos até o fim, como bravos guerreiros, seguindo o seu exemplo de perseverança, de luta, de garra, de fé e de uma grande filha, mãe, esposa e amiga. A morte, para nós cristãos, não é nada, pois quando existimos de verdade, não existe morte. Só existe morte quando deixamos de existir e você existe entre nós. Estás aqui entre nós, amparada pelos firmes braços maternos de Maria e com o terno abraço de São Benedito, acolhida por Jesus, vivo, aqui, perto de nós!

Você se tornará um pouco de todos os que conheceu, um pouco dos lugares onde foi, um pouco das coisas que compartilhou, mas muito de toda a saudade que nos deixa e muito das coisas que amou, entre tantas que conquistou e até mesmo das que perdeu.

E como nos disse Pablo Neruda, “só uma pessoa no mundo deseja sentir saudades: aquela que nunca amou”. E nós, minha querida, te amamos e te amaremos para sempre, pois a casa da saudade é a memória, uma cabana pequenina, a um passo do coração.

Descanse em paz, um beijo no coração e até um dia!

Dário Benedito Rodrigues, 08 de março de 2012

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