Não sou pessimista ao extremo, nem ao menos faço o jogo das conveniências políticas ou partidárias de quem quer que seja. É óbvio que tenho minhas convicções pessoais acerca dos nossos governantes e representantes do povo, em qualquer nível, estadual, regional e local.
Por isso mesmo, sendo mau interpretado e interpelado por muitos, mas, graças ao espírito dessa mesma convicção consigo transitar em alguns meios, a fim de ajudar, colaborar, contribuir e preservar o pouco do que ainda temos de mais importante em Bragança, e que nossos governantes vem esquecendo à medida em que o tempo vai passando.
Escrevo isso ao me referir ao passado, à memória e à vivacidade da História de minha querida cidade, que ao contrário de muitos que aqui estão no poder, com o poder, pelo poder e até mesmo fora do poder, fazem questão de salientar em discursos inflamados, palavras prontas e sem nenhum propósito. Já é demais o descaso ou a falta de algo a ser feito.
Eu nunca abandonei minha terra e minha fé de que o passado vai sair do submundo em que está preso. Não tive a necessidade de sair de Bragança para enxergar seu potencial histórico, a garra do seu povo e até mesmo o apego aos costumes em comum.
Assim, começo a partir de hoje, a publicar um resumo de minhas opiniões sobre o descaso com o patrimônio histórico material e imaterial de Bragança. Inicio pela Casa da Cultura, que é um dos prédios mais significativos do passado recente de Bragança, por um conjunto de fatores que saltam das entrelinhas do tempo em que serviu de residência para José Paulino dos Santos Mártires, de Fundação Cultural de Bragança, de Associação Cultural e Recreativa de Estudantes de Bragança (ACREB), de Clubes dos Aliados, de Biblioteca Pública "De Castro e Souza", de Salão "Vitaliano Vari", de centro de pesquisas estudantis e de órgão público da Cultura.
Torço para que apareçam mais historiadores, mais pesquisadores, mais interessados na Cultura e na História de Bragança fora dos escaninhos do poder, distante das amarras do silêncio forçado pela obediência cega a partidos e filosofias, imunes à politicagem e que venham discutir soluções para os problemas, não somente apontá-los. Tenho muitas sugestões. Já dei várias a muitos dos nossos políticos, mas é preciso colocar outros ingredientes na massa. Conto com todos os/as nossos/as amigos/as e leitores/as. Participe enviando a sua sugestão.
Comentarei em seguida. Vejam as fotos. Depois dê sua opinião. Ela é muito importante para que sejam divulgadas e levadas a quem de direito. Eu mesmo me encarrgarei de fazê-lo, na oportunidade mais conveniente.
Texto: CASA DA CULTURA é uma construção datada do século XIX, adquirida pelo Sr. José Paulino dos Santos Mártires do então Major Simpliciano Fernandes de Medeiros, no dia 03 de maio de 1900. Neste imóvel funcionou a partir de 15 de fevereiro de 1956 a sede da Associação Cultural e Recreativa dos Estudantes de Bragança, com o antigo nome de Clube dos Aliados. Funcionou também, a partir de 26 de junho de 1979, pela Lei Municipal de n.º 2.069/79, a Fundação Cultural de Bragança sob o nome de Casa da Cultura “Lobão da Silveira", uma das construções mais antigas da cidade e um de seus equipamentos culturais mais importantes onde atualmente funcionava até 2007 a Secretaria Municipal de Cultura e Desportos, a Biblioteca Pública Municipal “De Castro e Souza” e o Salão de Convenções “Padre Vitaliano Vari”. Encontra-se localizado à Travessa Senador José Pinheiro, s/n, Centro, esquina com a Rua Treze de maio, nesta cidade, com as seguintes medições:
- Área total do lote: 640 m².
- Área construída no lote: 1.274 m².
Construído inicialmente em alvenaria de tijolo de barro e cal, com uma descrição da época da venda com sete metros de frente, acompanhando corredor, sala, alcova, varanda e fundos. Em 1956 a construção passou a abrigar a sede da Associação Cultural e Recreativa dos Estudantes de Bragança com o nome de “Clube dos Aliados”, posterior ACREB. Através da Lei Municipal n° 2.069 de 26 de junho de 1979 foi criada a Fundação Cultural de Bragança que se instalou no imóvel com o nome de Casa da Cultura “Lobão da Silveira”.
Ao longo de sua história, o imóvel provavelmente sofreu algumas intervenções para adaptar-se aos diversos fins. O partido arquitetônico original foi totalmente modificado, restando apenas poucas paredes divisórias internas. Na parte posterior foi construído um anexo, que, apesar de adotar elementos decorativos que remetem ao do prédio original, apresenta características arquitetônicas contemporâneas.
Consta em placas internas a reforma realizada no ano de 1982, no governo de Emílio Dias Ramos quando se tornou a Casa da Cultura, além da restauração no ano de 1990, no governo de Antônio Pereira Barros. Segundo informações e projetos, o imóvel deveria passar por outra reforma para abrigar o Arquivo Público Municipal que se encontrava no Palacete Augusto Corrêa, Sede da Prefeitura Municipal de Bragança.
A configuração atual da edificação apresenta características arquitetônicas ecléticas, a edificação localizada em um lote de esquina com declive tem implantação com alinhamento frontal do terreno e recuo lateral na parte original. O conjunto é definido pela volumetria horizontal. Nas fachadas predominam a sobriedade identificada nos elementos arquitetônicos como a platibanda decorada somente por cimalha e vãos em verga reta encimados por ornatos em auto-relevo e arrematados por molduras lisas. As esquadrias são em madeira e vidro com a presença de almofadas e venezianas na parte antiga. No anexo o fechamento dos vãos é em elemento vazado de concreto. Destaca-se entre elas a porta localizada na fachada principal que conta com uma bandeira em ferro trabalhado com as iniciais de José Paulino dos Santos Mártires.
O imóvel encontra-se em péssimo estado de conservação, necessitando com certa urgência da realização de obras de manutenção e conservação. Construído para uso residencial a edificação em análise sofreu várias reformas para adaptação que descaracterizam a maioria dos elementos originais, restando praticamente os elementos arquitetônicos externos como vãos, platibanda, cimalhas e molduras. Foi tombado ao Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto 010/08 de 15 de janeiro de 2008 (Art. 1º, Item III).
Fotos da Casa da Cultura em 16.02.2010 (Prof. Dário Benedito Rodrigues)
"Foi tombado ao Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto 010/08 de 15 de janeiro de 2008 (Art. 1º, Item III)".
ResponderExcluirE pelo que se ve vai continuar "tombando" até cair as ultimas paredes que ainda resistem ao tempo e na memória de alguns.
Sua observação é válida. A questão do tombamento, na verdade, é muito difícil, pois cria uma série de obrigações. O Município de Bragança tem projeto de restauro e recuperação, porém os trâmites dos órgãos financiadores e do governo (federal e estadual) são longos e desgastantes. O problema, a meu ver, é a segurança do prédio (como você observou) contra vândalos e a manutenção de estruturas que permitam recuperá-lo em sua essência (ao menos!), como janelas, portas, esquadrias, etc. A casa, em si, já passou por muitas reformas no passado, desestruturando o madeirame do piso (assoalho). Isso já foi! Mas bem que poderiam dar uma geral lá e limpar o prédio, mantendo-o a salvo das investidas desses vândalos.
ResponderExcluirDário usando esse trecho seu:
ResponderExcluir"Torço para que apareçam mais historiadores, mais pesquisadores, mais interessados na Cultura e na História de Bragança".É q pensando como vc,com um olhar especial aos nossos patrimônios que estou muito interessada em fazer meu trabalho de monografia nesse contexto,não sei se vou conseguir,minha especialização é sobre étnico-racial,sei q os negros tiveram participação na construção de patrimônios de nossa cidade,o que vc como um grande conhecer do assunto pode me dizer.Leida silva/meu e-mail leida.srs@gmail.com