sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Caso misterioso: sumiço de azulejos da fachada do Hotel dos Viajantes (Jibóião) em Bragança

Aproveito esse espaço para apresentar mais um mistério de Bragança nesses dias: o sumiço misterioso de azulejos do Hotel dos Viajantes, popularmente conhecido como Jibóião, fato curioso que se deve a algumas histórias sobre o local, talvez habitado por um enorme réptil.

Ao passar quotidianamente na Rua General Gurjão, no centro de Bragança, tenho percebido que os azulejos da fachada do prédio estão literalmente desaparecendo. E isso não se dá por obra do acaso. Alguém está retirando essas peças, que certamente foram importadas da Europa ou afixadas segundo critérios eminentemente europeus de arquitetura e de embelezamento da estrutura construída, como em vários outros exemplares.

Atualmente, o prédio é propriedade do Grupo Jomóveis, que demonstrou, por meio de suas dirigentes, as senhoras Carmelita Barros e Ciane Barros, preocupação em restaurar o imóvel e fazê-lo nos moldes originais de sua construção, para servir como local de acervo e memorial do grupo comercial. Participei de várias conversas nesse sentido e me dispus a colaborar com pesquisa sobre o imóvel. Recentemente, o local já recebeu estruturas metálicas em forma de tapume para futuras obras no imóvel.

E eis que agora, se apresenta mais esse “mistério” na nossa cidade! O patrimônio histórico é obra de um tempo, pertence a um contexto específico, não é do nosso tempo. Mas nos serve como uma excelente referência para chegarmos a “visualizar”, a “ver” e até mesmo a “tocar” o passado, não somente com atitude contemplativa e preciosa, mas como um suporte da história.

Prédio como esse em Bragança é de uma importância fundamental para a história de uma cidade, de uma comunidade e do povo em geral. É preciso, então colocar na cabeça das pessoas que a preservação do patrimônio não é apenas um gesto político, técnico ou histórico no bom sentido, mas se configura na valorização de todo um conjunto de fontes que nos permitem perceber as marcas do passado no tempo presente.

Pode ser um discurso clichê, mas espero de coração que todos entendam essa preocupação e que nossos olhares se voltem à preservação, conservação e readequação do nosso já tão devastado (ao longo de muitas décadas) patrimônio histórico.

Dados do prédio: Imóvel do antigo Hotel dos Viajantes, construção datada da segunda metade do século XIX. Foi um ponto onde se concentrava, à época, toda a fidalguia bragantina, constituída de comerciantes, políticos e empresários que visitavam a cidade, atraídos pelas belezas naturais e pela importância de Bragança no cenário político do Estado, no contexto da extinta Estrada de Ferro de Bragança e da opulência do comércio local.

Segundo o registro cartorial datado de 06 de junho de 1876, a vendedora Dona Maria Isabel Pinheiro recebeu o prédio de herança de seu marido e vendeu o referido imóvel à firma Guimarães & Cia. É um prédio de referência cultural e social importante, já que abrigou o Hotel dos Viajantes da extinta Estrada de Ferro de Bragança e uma antiga escola de instrução datada do século XIX.

Encontra-se numerado e reconhecido sob o lote n.º 0303 do Cadastro Imobiliário Municipal, localizado na Rua General Gurjão, n.º 1023, entre a Travessa Senador José Pinheiro e Travessa Vereador Marcelino Castanho, Centro, nesta cidade.

Possui as seguintes medidas:

- Área total do lote: 2.328 m².

- Área construída no lote: 724 m².

Necessita de intervenção e reparos urgentes, pois o prédio tem estado avançado de degradação e há a possibilidade de desabamentos constantes, restando quase intacta somente a fachada do prédio. Foi tombado ao Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto 228/06 de 04 de outubro de 2006 (Art. 1º, Item IV).

Sumiço de azulejos: Compare as fotos de meu acervo pessoal. Faltam muitos azulejos.

Foto dos azulejos

Fotos de 27.05.2006

Foto de 08.03.2011

Fotos de 02.02.2012

2 comentários:

  1. Entendo sua preocupação Dário, e esta deveria ser de todo bragantino. É realmente lamentável que não preservemos nossas riquezas, com isso vemos nosso passado se esvaindo aos poucos seja por abandono do estado e principalmente nosso.Obrigada Dário, por ser a voz de muitos que veem com pesar o que acontece na nossa cidade. Vamos torcer por um resgate verdadeiro da nossa história tão querida.
    Terezinha de Fátima

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  2. Esse é o reflexo do descaso com a nossa história.

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