No mesmo período do Curso de Especialização de Saberes Culturais e Educação na Amazônia, no Tópico Temático Desenvolvimento territorial e Conflitos regionais na região amazônica, na Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança, pude visitar com os/as alunos/as o local de depósito de lixo de Bragança, conhecido como "Lixão", na Rodovia Dom Eliseu, rumo ao Montenegro, a poucos quilômetros de Bragança. É um terreno de onde se pode ver o resto da cidade e perceber o quanto ainda está faltando para a melhoria dessas condições de vida do povo bragantino. O que se pode fazer já se sabe, falta fazer. Essa Bragança não costuma aparecer nos comerciais da televisão e nem a figurar nos sonhos daqueles/as que todos os dias (com aumento em períodos de festas) lixo e mais lixo em todos os lugares de nossa cidade. Essa Bragança ainda não é vista pelos que vivem nos seus mundos à parte ou que pugnam por simplesmente se fingirem de cegos ao problema.
A situação é deplorável em amplos sentidos, a exemplo de diversas cidades no Brasil (e na Amazônia) que não possuem uma área para depósito de seu lixo, tratamento de resíduos ou reaproveitamento do material que é jogado lá. A presença humana é interessante do ponto de vista da sociabilidade e das relações de homem/mulher que lá estão com o lixo produzido por toda a cidade de Bragança. Existem associações que trabalham catando e separando esses resíduos sem nenhum cuidado ou prevenção, muitos dos quais poderiam ser aproveitados, como os restos orgânicos provenientes da separação do filé de peixe ou todos os resíduos em plástico que formam um considerável lastro no local.
A interdição pelo próprio lixo, de uma parte mais ao fundo no terreno, impediu que todas as descargas que acontecem diariamente fossem localizadas mais à frente. Então, tudo está ficando muito perto da entrada do terreno, separado da rodovia por um muro e que agora já conta com divisões de poder internas, já que alguns lucram individualmente com o trabalho e um grupo. Vi pessoas catando lixo e restos de comida para a própria alimentação e a das famílias dessas pessoas. Uma situação de miséria extrema e que quase se aproxima da selvageria. Isso foi o pior de tudo.
Precisamos registrar isso e resistir à Bragança dos sonhos que se prega ou que se acredita forçadamente por aí. Tente resistir. É possível. Curta as fotos. Dê suas sugestões. Opine.
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