segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Bento XVI renunciará ao cargo em 28 de fevereiro



Numa decisão que não estava nos planos de parte da comunidade católica mundial, o Papa Bento XVI, 265º da História, chamado Joseph Ratzinger - o primeiro alemão a ser escolhido Papa desde o século XI - comunicou nesta segunda-feira a sua decisão em renunciar ao cargo e à liderança da Igreja Católica Apostólica Romana a partir do dia 28 de fevereiro. Os motivos que alegou o Sumo Pontífice foram a sua idade avançada (85 anos) e que tomou esta decisão pelo bem da própria instituição.
O cargo deverá ser declarado vago e um novo Conclave deve ser convocado, para a eleição de um novo Papa. Bento XVII é o primeiro a renunciar ao cargo na era moderna, em quase 598 anos de história da instituição católica.
Especulações na imprensa italiana e que logo ganharam espaço em sites do mundo inteiro, desde março do ano passado, davam conta dessa possibilidade, pelos mesmos motivos alegados no comunicado de hoje.
A questão de renúncia de um Pontífice tem sido objeto de debate durante muito tempo. O Papa Pio XII preparou uma carta de renúncia no período entre guerras, caso fosse prendido ou levado pelos nazistas, a fim de salvaguardar o cargo.
João XXIII, ao reportar-se ao seu confessor, tomaria essa decisão caso a doença se agravasse. Até o Papa Paulo VI que havia estabelecido a exclusão dos cardeais com mais de 80 anos de um conclave, e a possibilidade de renúncia ao episcopado de bispos com a idade de 75 anos, pensou seriamente em renunciar em 1977, ao completar 80 anos. Esta questão foi bastante discutida com a longa doença do Papa João Paulo II, que inclusive havia preparado uma carta de demissão, à época.
Na História da Igreja vários Papas renunciaram ao trono de Pedro. Clemente I renunciou em 97 d.C., em favor de Evaristo, para assegurar a continuidade do culto cristão. Ponciano, em 235 d.C., para que a Igreja elegesse seu sucessor (o papa Antero), já que estava exilado na Sardenha (Mediterrâneo) juntamente com o antipapa Hipólito, a mando do imperador romano Magno, e que acabaram morrendo logo em seguida. Silvério abdicou da Cátedra de Pedro em 537 d.C., obrigado pela imperatriz Teodora na ilha de Palmaria (Mediterrâneo), e ao retornar a Roma, Teodora já o havia substituído pelo Papa Virgílio, diácono de Silvério. Em 1009, João XVIII abdicou do cargo para viver como monge na Basílica de São Pedro. O Papa Bento IX renunciou em 1045 para satisfazer seu padrinho, João Graciano, que se tornou o papa Gregório VI. Depois de sua morte, João XVIII reassumiu a função, dois anos depois, renunciando novamente ao cargo em 1048.
O último Pontífice a renunciar por vontade própria foi Celestino V, em 1294, após 5 meses de trabalho como papa, com mais de 80 anos, em favor de Bonifácio VIII. O último Papa a deixar o cargo foi Gregório XII, a contragosto e depois de ser deposto pelo Concílio de Pisa, no ano de 1415, aos 90 anos, para por fim às questões do chamado Grande Cisma do Ocidente, encerrando uma disputa com dois rivais (os chamados antipapas, o primeiro em Avignon, na França e o segundo em Pisa, na Itália) à Santa Sé, naquela época.
A renúncia anunciada hoje certamente entrará para a História da instituição e do Cristianismo.

Leia na íntegra o Comunicado de Bento XVI.

“Caríssimos Irmãos, convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino.
Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.
Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.”

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.

BENEDICTUS PP XVI"

2 comentários:

  1. Eu fiquei chocada com esta renuncia , mais tenho que respeitar pois é um direito dele como pessoa,so temos que orar, para que este novo representante de São Pedro seja também um homem de fé.

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