Numa decisão que não estava nos planos de parte da
comunidade católica mundial, o Papa Bento XVI, 265º da História, chamado
Joseph Ratzinger - o primeiro alemão a ser escolhido Papa desde o século XI -
comunicou nesta segunda-feira a sua decisão em renunciar ao cargo e à liderança
da Igreja Católica Apostólica Romana a partir do dia 28 de fevereiro. Os
motivos que alegou o Sumo Pontífice foram a sua idade avançada (85 anos) e que
tomou esta decisão pelo bem da própria instituição.
O cargo deverá ser declarado vago e um novo
Conclave deve ser convocado, para a eleição de um novo Papa. Bento XVII é o
primeiro a renunciar ao cargo na era moderna, em quase 598 anos de história da
instituição católica.
Especulações na imprensa italiana e que logo
ganharam espaço em sites do mundo inteiro, desde março do ano passado, davam
conta dessa possibilidade, pelos mesmos motivos alegados no comunicado de hoje.
A questão de renúncia de um Pontífice tem sido
objeto de debate durante muito tempo. O Papa Pio XII preparou uma carta de
renúncia no período entre guerras, caso fosse prendido ou levado pelos
nazistas, a fim de salvaguardar o cargo.
João XXIII, ao reportar-se ao seu confessor,
tomaria essa decisão caso a doença se agravasse. Até o Papa Paulo VI que havia
estabelecido a exclusão dos cardeais com mais de 80 anos de um conclave, e a
possibilidade de renúncia ao episcopado de bispos com a idade de 75 anos,
pensou seriamente em renunciar em 1977, ao completar 80 anos. Esta questão foi
bastante discutida com a longa doença do Papa João Paulo II, que inclusive
havia preparado uma carta de demissão, à época.
Na História da Igreja vários Papas renunciaram ao
trono de Pedro. Clemente I renunciou em 97 d.C., em favor de Evaristo, para
assegurar a continuidade do culto cristão. Ponciano, em 235 d.C., para que a
Igreja elegesse seu sucessor (o papa Antero), já que estava exilado na Sardenha
(Mediterrâneo) juntamente com o antipapa Hipólito, a mando do imperador romano
Magno, e que acabaram morrendo logo em seguida. Silvério abdicou da Cátedra de
Pedro em 537 d.C., obrigado pela imperatriz Teodora na ilha de Palmaria
(Mediterrâneo), e ao retornar a Roma, Teodora já o havia substituído pelo Papa
Virgílio, diácono de Silvério. Em 1009, João XVIII abdicou do cargo para viver
como monge na Basílica de São Pedro. O Papa Bento IX renunciou em 1045 para
satisfazer seu padrinho, João Graciano, que se tornou o papa Gregório VI.
Depois de sua morte, João XVIII reassumiu a função, dois anos depois, renunciando
novamente ao cargo em 1048.
O último Pontífice a renunciar por vontade própria
foi Celestino V, em 1294, após 5 meses de trabalho como papa, com mais de 80
anos, em favor de Bonifácio VIII. O último Papa a deixar o cargo foi Gregório
XII, a contragosto e depois de ser deposto pelo Concílio de Pisa, no ano de
1415, aos 90 anos, para por fim às questões do chamado Grande Cisma do
Ocidente, encerrando uma disputa com dois rivais (os chamados antipapas, o
primeiro em Avignon, na França e o segundo em Pisa, na Itália) à Santa Sé,
naquela época.
A renúncia anunciada hoje certamente entrará para a
História da instituição e do Cristianismo.
Leia na
íntegra o Comunicado
de Bento XVI.
“Caríssimos Irmãos, convoquei-vos para este
Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos
comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de
ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à
certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas
para exercer adequadamente o ministério petrino.
Estou bem consciente de que este ministério, pela
sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as
palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de
hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância
para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é
necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos
últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a
minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.
Por isso, bem consciente da gravidade deste ato,
com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma,
Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril
de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede
de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por
aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos
agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu
ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa
Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos
a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres
Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito,
nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada
à oração, a Santa Igreja de Deus.”
Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.
BENEDICTUS PP XVI"
Eu fiquei chocada com esta renuncia , mais tenho que respeitar pois é um direito dele como pessoa,so temos que orar, para que este novo representante de São Pedro seja também um homem de fé.
ResponderExcluirGostei desse blog
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