sábado, 31 de agosto de 2024

À memória de minha Avó Joana Dolores Rodrigues (*02.02.1929, +29.08.2024)

Joana Dolores Rodrigues, a Dona Joana, a nossa Joana partiu hoje, aos 95 anos de vida. A sua vida, como a de muitas mulheres de sua época, foi bastante difícil. Entre nossa família é um grande exemplo de trabalho e dedicação, muito presente em tudo, por sua simplicidade, sua palavra sempre carinhosa e seu senso de responsabilidade com tudo o que o nos envolve.

Joana Dolores de Aviz era filha de João Bernardo de Aviz e de Maria de Nazaré Monteiro de Jesus (a Dona Valina), nascida em 02 de fevereiro de 1929, no Bacuriteua. Teve uma irmã por nome Clotilde. Ainda jovem, trabalhou como doméstica e prendas do lar na casa de sua madrinha, onde aprendeu esse ofício de cuidar do lar, da cozinha, das coisas de casa. Não estudou, não sabia ler. Apenas desenhava o seu nome. Essa condição foi fundamental quando ela mesmo depois de avançada idade ainda frequentou aulas de alfabetização na Educação de Jovens e Adultos.

Casou-se no dia 30 de maio de 1950, com Manoel Paes Rodrigues (in memoriam), que já tinha seis filhos: Benedita (in memoriam), Ana Leopoldina (in memoriam), Benedito Lázaro (in memoriam), Zelina, José Raimundo e João.

De seu matrimônio, teve oito filhos: Maria do Socorro (minha mãe), Raimundo Mariano (in memoriam), Raimundo Nonato, Paulo Roberto, Maria Alice (in memoriam), Pedro Aurélio (in menoriam), Domingos Sávio (in memoriam) e Zacarias. Seu esposo Manoel faleceu em 07 de abril de 1998, em Belém, deixando-a viúva, condição em que permaneceu desde então.

Morou no interior e depois veio viver na cidade, onde ajudou seu esposo no cuidado com a familia. A sua memória guardou o fato de seu casamento até o fim.

Mulher abnegada e cristã, mantinha seu costume da missa (na igreja, com as crianças e depois em casa, pela TV), suas devoções particulares (como as de Nossa Senhora das Dores e de São Benedito) e a comunhão. A oração também marcou em muito o seu testemunho de fiel e cristã.

Somando tudo – porque quando se trata de família é isso o que mais importa – Joana teve: 14 filhos (8 seus e 6 enteados), 32 netos, 30 bisnetos e 2 tataranetos.

Ela foi ainda fundadora do Clube da Terceira Idade Pérola do Caeté e ainda foi eleita Rainha da Primavera, nos brindando com um lindo desfile. Um dia inesquecível.

Joana adoeceu gravemente de COVID-19, sendo uma das sobreviventes de sua idade no pior período da pandemia. Tratada que foi pelos médicos, enfermeiros e técnicos do Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria, cativou a todos pela alegria e sorriso, marcando a vida de muitos desses profissionais que foram se afeiçoando por ela.

Voltou por sete vezes ao hospital com estágios médios e graves de pneumonia, com problemas respiratórios em decorrência das sequelas da COVID-19, além das visitas mais emergenciais pra regular a pressão arterial.

Nunca reclamou de sua condição de saúde e de sua limitação de andar. Assim ela manteve-se sempre serena e confiante. E com mais de 90 anos, ela também deu muitos sustos em sua família, surpreendendo médicos e profissionais ao sair de estágios de gravidade. Porém, a sua saúde fragilizou-se bastante nessas oportunidades e ainda mais nos últimos meses.

Desde meados de julho apresentou uma broncopneumonia mais severa, condição clínica que não foi debelada e que causou seu falecimento hoje (29.08.2924), às 3h43min, no Hospital Santo Antônio, com a presença dos seus e de suas cuidadoras.

Hoje, celebramos com uma tristeza temporária e muita saudade a sua vida e sua memória, quando renovamos publicamente toda a nossa gratidão, carinho, homenagem e amor ao que Joana Dolores Rodrigues representa em nossas vidas, de ter sido corajosa, dedicada, amorosa e humilde: um dos seus maiores exemplos de vida.

Além disso tudo, nunca deixou faltar o carinho e a atenção, com todas as suas limitações, pois mesmo analfabeta (devido às circunstâncias de sua época e decisão de sua madrinha), nossa querida Joana é um ensinamento experimentado na vida, sendo assim em todo momento e cada dia. Temos nela o espelho de uma mãe zelosa e de lições silenciosas, muitas vezes baseadas no olhar, no respeito disciplinado pela bênção tomada e recebida nas chegadas e despedidas e na sua postura diante da vida.

E disso nos orgulhamos e rendemos graças a Deus e à Vida por ter nos dado o privilégio de ter a nossa Joana e de com ela conviver por todos esses 95 anos, lembrando-nos mais ainda do que ela significa e respeitando os laços do que ela simboliza para toda a nossa família.

No alto de seus 95 anos, mesmo limitada pela idade e saúde, ela manteve ainda o caráter patriarcal e matriarcal de nossa família, o que deve nos auxiliar a compreender a vida, mantendo entre nós muito viva a sua fé e sua personalidade tão amável.

É difícil falar de uma pessoa como a minha Avó, a nossa Joana, de sorriso largo, olhar sereno, de uma força imensurável e também de dores enormes como a das perdas que sofreu pela morte de seus filhos e enteados. E por tudo o que essa pequena mulher de grande alma representou, registro com orgulho esse momento de sua partida, aos 95 anos. Guardaremos assim, para sempre em nossa trajetória e na nossa memória, o que nossa Joana representou para nós.

É necessário registrar a nossa gratidão a todos os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, pneumologistas, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem, motoristas, socorristas, auxiliares e cuidadoras) e tantas outras pessoas que cuidaram de nossa Joana, além de nosso agradecimento ao Poder Público Municipal e ao Hospital Santo Antônio pelo atendimento e pelo apoio sempre tão marcante em atendê-la.

Registro também um agradecimento à Igreja Católica, em nossa Paróquia, pela benção recebida por minha Avó pelos sacerdotes (como o nosso Pároco Pe. Elias Sousa) que a visitavam dando-lhe a Unção dos Enfermos, bem como pelo recebimento da Eucaristia que sempre foi administrada pelos ministros extraordinários da Eucaristia.

Siga em paz, Vovó Joana. Descanse, brava guerreira. Leve conosco o nosso amor e nós guardaremos o seu amor na mesma medida.

Te amamos para sempre. Um beijo grande no seu coração.

Até breve.

Do seu Dadá...

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