Joana Dolores Rodrigues, a Dona Joana, a nossa Joana partiu
hoje, aos 95 anos de vida. A sua vida, como a de muitas mulheres de sua época,
foi bastante difícil. Entre nossa família é um grande exemplo de trabalho e
dedicação, muito presente em tudo, por sua simplicidade, sua palavra sempre
carinhosa e seu senso de responsabilidade com tudo o que o nos envolve.
Joana Dolores
de Aviz era filha de João Bernardo de Aviz e de Maria de Nazaré Monteiro de
Jesus (a Dona Valina), nascida em 02 de fevereiro de 1929, no Bacuriteua. Teve
uma irmã por nome Clotilde. Ainda jovem, trabalhou como doméstica e prendas do
lar na casa de sua madrinha, onde aprendeu esse ofício de cuidar do lar, da
cozinha, das coisas de casa. Não estudou, não sabia ler. Apenas desenhava o seu
nome. Essa condição foi fundamental quando ela mesmo depois de avançada idade
ainda frequentou aulas de alfabetização na Educação de Jovens e Adultos.
Casou-se no
dia 30 de maio de 1950, com Manoel Paes Rodrigues
(in memoriam), que já tinha seis
filhos: Benedita (in memoriam), Ana
Leopoldina (in memoriam), Benedito
Lázaro (in memoriam), Zelina, José
Raimundo e João.
De seu
matrimônio, teve oito filhos: Maria do Socorro (minha mãe), Raimundo Mariano (in memoriam), Raimundo Nonato, Paulo
Roberto, Maria Alice (in memoriam),
Pedro Aurélio (in menoriam), Domingos
Sávio (in memoriam) e Zacarias. Seu
esposo Manoel faleceu em 07 de abril de 1998, em Belém, deixando-a viúva,
condição em que permaneceu desde então.
Morou no
interior e depois veio viver na cidade, onde ajudou seu esposo no cuidado com a
familia. A sua memória guardou o fato de seu casamento até o fim.
Mulher abnegada e cristã, mantinha seu costume da missa (na
igreja, com as crianças e depois em casa, pela TV), suas devoções particulares
(como as de Nossa Senhora das Dores e de São Benedito) e a comunhão. A oração
também marcou em muito o seu testemunho de fiel e cristã.
Somando tudo –
porque quando se trata de família é isso o que mais importa – Joana teve: 14
filhos (8 seus e 6 enteados), 32 netos, 30 bisnetos e 2 tataranetos.
Ela foi ainda
fundadora do Clube da Terceira Idade Pérola do Caeté e ainda foi eleita Rainha da Primavera, nos brindando com
um lindo desfile. Um dia inesquecível.
Joana adoeceu
gravemente de COVID-19, sendo uma das sobreviventes de sua idade no pior
período da pandemia. Tratada que foi pelos médicos, enfermeiros e técnicos do Hospital
Santo Antônio Maria Zaccaria, cativou a todos pela alegria e sorriso, marcando
a vida de muitos desses profissionais que foram se afeiçoando por ela.
Voltou por sete
vezes ao hospital com estágios médios e graves de pneumonia, com problemas respiratórios
em decorrência das sequelas da COVID-19, além das visitas mais emergenciais pra
regular a pressão arterial.
Nunca reclamou
de sua condição de saúde e de sua limitação de andar. Assim ela manteve-se
sempre serena e confiante. E com mais de 90 anos, ela também deu muitos sustos
em sua família, surpreendendo médicos e profissionais ao sair de estágios de
gravidade. Porém, a sua saúde fragilizou-se bastante nessas oportunidades e
ainda mais nos últimos meses.
Desde meados
de julho apresentou uma broncopneumonia mais severa, condição clínica que não
foi debelada e que causou seu falecimento hoje (29.08.2924), às 3h43min, no Hospital
Santo Antônio, com a presença dos seus e de suas cuidadoras.
Hoje,
celebramos com uma tristeza temporária e muita saudade a sua vida e sua
memória, quando renovamos publicamente toda a nossa gratidão, carinho,
homenagem e amor ao que Joana Dolores Rodrigues representa em nossas vidas, de
ter sido corajosa, dedicada, amorosa e humilde: um dos seus maiores exemplos de
vida.
Além disso
tudo, nunca deixou faltar o carinho e a atenção, com todas as suas limitações,
pois mesmo analfabeta (devido às circunstâncias de sua época e decisão de sua
madrinha), nossa querida Joana é um ensinamento experimentado na vida, sendo
assim em todo momento e cada dia. Temos nela o espelho de uma mãe zelosa e de
lições silenciosas, muitas vezes baseadas no olhar, no respeito disciplinado pela
bênção tomada e recebida nas chegadas e despedidas e na sua postura diante da
vida.
E disso nos
orgulhamos e rendemos graças a Deus e à Vida por ter nos dado o privilégio de
ter a nossa Joana e de com ela conviver por todos esses 95 anos, lembrando-nos
mais ainda do que ela significa e respeitando os laços do que ela simboliza
para toda a nossa família.
No alto de
seus 95 anos, mesmo limitada pela idade e saúde, ela manteve ainda o caráter
patriarcal e matriarcal de nossa família, o que deve nos auxiliar a compreender
a vida, mantendo entre nós muito viva a sua fé e sua personalidade tão amável.
É difícil falar de uma pessoa como a minha Avó, a nossa
Joana, de sorriso largo, olhar sereno, de uma força imensurável e também de
dores enormes como a das perdas que sofreu pela morte de seus filhos e enteados.
E por tudo o que essa pequena mulher de grande alma representou, registro com
orgulho esse momento de sua partida, aos 95 anos. Guardaremos assim, para
sempre em nossa trajetória e na nossa memória, o que nossa Joana representou
para nós.
É necessário registrar a nossa gratidão a todos os profissionais de
saúde (médicos, enfermeiros, pneumologistas, fisioterapeutas, técnicos de
enfermagem, motoristas, socorristas, auxiliares e cuidadoras) e tantas outras
pessoas que cuidaram de nossa Joana, além de nosso agradecimento ao Poder
Público Municipal e ao Hospital Santo Antônio pelo atendimento e pelo apoio
sempre tão marcante em atendê-la.
Registro também um agradecimento à Igreja Católica, em nossa
Paróquia, pela benção recebida por minha Avó pelos sacerdotes (como o nosso Pároco
Pe. Elias Sousa) que a visitavam dando-lhe a Unção dos Enfermos, bem como pelo
recebimento da Eucaristia que sempre foi administrada pelos ministros extraordinários
da Eucaristia.
Siga em paz,
Vovó Joana. Descanse, brava guerreira. Leve conosco o nosso amor e nós
guardaremos o seu amor na mesma medida.
Te amamos para sempre. Um beijo grande no seu coração.
Até breve.
Do seu Dadá...