Desde o início de seu povoamento, Bragança concentrou sua atividade econômica na agricultura, atividade intensificada, especialmente a partir da construção da Estrada de Ferro de Bragança iniciada em 1883, que proporcionou a integração dos municípios e localidades da então chamada Zona Bragantina à capital do Estado com o escoamento de suas produções agrícolas.
Iniciada em
Com o pleno funcionamento da ferrovia, Bragança despontou no cenário econômico do Estado e passa a experimentar um desenvolvimento econômico, cultural e social. A produção e o comércio local cresceram ocasionando a possibilidade de acúmulo de capital por agricultores e comerciantes e proporcionando mudanças nos padrões socioculturais, inclusive, do modelo construtivo, que, assim como Belém, passa a adotar técnicas arquitetônicas de influências ecléticas refletidas na produção cultural europeia e na ideia de modernidade e progresso. Investimentos na melhorias da cidade com a construção de prédios públicos e equipamentos urbanos pelo poder público foram possibilitados pelo aumento da arrecadação local.
Porém, considerada deficitária, a ferrovia foi extinta em 1966, por ato do Governo Militar. A comunicação com a capital passou a utilizar o meio de transporte rodoviário e com isso contribuindo para um processo de declínio da economia das cidades contempladas pela ferrovia, principalmente Bragança. O município ainda conta com significativos referenciais históricos que integram sua identidade cultural, caracterizada tanto pela arquitetura quanto pela sua produção cultural.
A antiga ferrovia deixou alguns vestígios de sua existência, bem como vestígios da história do município espalhados ao longo do seu antigo percurso. Parte dos trilhos da ferrovia, anunciada a desativação, foi transformada em peças estruturais de lajes, de vigas nas casas de moradores, ginásio esportivo, galpões para instituições particulares e até mesmo artefato de recordação. Desta forma, pouco restou como referência desse período de apogeu do desenvolvimento da cidade, atendo-se apenas a elementos como a Antiga Caixa D’água de Ferro que abastecia o trem.
Construída a de dois quilômetros do centro, esse equipamento era responsável por dar suporte aos trens que compunham o trecho entre Capanema e Bragança. Junto a Caixa D’água, também foi edificada uma guarita onde ficava o responsável pela manutenção e o abastecimento. A edificação, atualmente, apresenta características arquitetônicas contemporâneas e se restringe externamente, em um simples depósito de água cilindro em concreto, amparado por uma estrutura em concreto armado. Em 1950 foi construído um cilindro em volta da estrutura original de ferro cuja parte existe até hoje no interior do cilindro.
Contudo, há muito foi saqueada, restando externamente, apenas uma tubulação metálica de alimentação e parte da escada. Quanto à tipologia da edificação original, tornou-se impraticável a sua identificação, haja vista, o alto nível de descaracterização.
Em péssimo estado de conservação, a edificação passou por profundas modificações, de tal forma que externamente, não possui características originais, tão pouco referências que possam remontar visualmente elementos como volumetria e estrutura. A presença ao lado, da guarita em ruínas, estabelece um conjunto relevante no que tange as referências espaciais de localização da antiga Estrada de Ferro bem como o posto de abastecimento.
Localizada em área afastada do Centro e pouco urbanizada, o equipamento em questão se configura como um marco histórico da cidade, cuja importância ultrapassa os limites da simples referência histórica, pois simboliza o crescimento e a autoestima de uma sociedade que a muito se tornou referência econômica e cultural e histórica do Estado do Pará.
Fonte: Sínteses de prédios históricos de Bragança. SECULT/PA e Projeto “Reminiscências da História Urbana de Bragança em fontes do século XX”
Imagem: Caixa D’água do trem da E. F. Bragança. Bairro do Taíra. Autor desconhecido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário