quinta-feira, 7 de abril de 2011

Escola Luiz Paulino Mártires... como escreveu Zito Cézar (Sinopse da História de Bragança)

O ilustre bragantino e ex-prefeito de Bragança, Benedito Cézar Pereira (conhecido por Zito Cézar) escreveu ao final de seu livro Sinopse da História de Bragança (Imprensa Oficial, 1963) uma informação importante que nos dá conta da História da fundação da Escola Luiz Paulino Mártires, hoje completando 42 anos de inauguração (07 de abril de 1969).
Várias informações importantes estão nessas páginas, como o processo histórico de construção do prédio que abriga a escola, o atraso nesse processo devido a problemas administrativos dos governos (incluindo a gestão de JK) e aliberação de verbas da antiga SPVEA (Superintendência de Valorização Econômica da Amazônia), além da importantíssima doação da biblioteca de Arthur César Ferreira Reis para a então Escola Agro Artezanal do Taíra (a escola nunca recebeu esses 3.000 livros, segundo dados dos antigos gestores e funcionários). O escritor seria homenageado como patrono do estabelecimento de ensino. Assim constam nas páginas 276, 277 e 278 do livro, conforme o escritor:
"CONCLUSÃO
Com êste último clichê que representa o comêço da construção da ESCOLA AGRO ARTEZANAL DO TAÍRA, damos por encerrado êste opúsculo, onde, nosso intuito, principal, foi defender a tese de que Bragança do Pará foi a primeira terra paraense descoberta por ariânos cultos e em porção regular, como era a expedição francêsa, chefiada por Daniel de La Touche, Senhor de Ravardiére, em 1613, porque Belém do Pará, só o fôra, em 1616, por Caldeira Castelo Branco, donatário dessa Capitania.
A contestação a respeito, pode haver, com a afirmativa de que o Brasil já estava descoberto, mesmo por acaso, em 1500, por Pedro Álvares Cabral, muito embora a história afirme, que antes dêle, fôra Ianez Pison o descobridor de nosso País, antes de 1500, também, a Amazônia e [o] fôra Orelana. Mas, a glória dessa descoberta teria de ser de Portugal! A Espanha, nêsse caso, era uma intrusa, de acôrdo com o tratado de Tordezilhas.
Até, o sempre pranteado estadista Dr. Getúlio Vargas, - o único governante do Brasil que volveu suas vistas para a Amazônia, nêstes 74 anos de República, tentando soerguê-la - afirmou, no seu discurso do Vale amazônico e, portanto, corrobora cnsc [conosco]:
"Quando Orelana, descobridor da Amazônia, chegou numa clareira do vale, avistou ao longe, centenas de índias guerreiras montadas em alígeros corcéis, tendo à dextra o tacape e empunhando as flexas e, ao avistarem Orelana com a sua tropa avançaram contra êles, aos gritos guerreiros. Orelana para não ser trucidado mandou que seus guerreiros detonassem para o ar, os arcabuzes. Novo Caramurú ouvira-se nas selvas bravias e as amazonas desapareceram"...
Volvamos, agora, nossas vistas para a "Escola Agro Artezanal do Taíra".
Naquêle Educandário, se a passada administração bragantina conseguisse receber da "Valorização da Amazônia" (S.P.V.E.A.) as verbas de 1958, 1959, 1960 e 1961, que caíram em "exercícios findos" porque não fôram pagas, apesar dos esforços dispendidos para recebê-las, já estariam em franco funcionamento as várias seções dêsse Artezanato, na proteção intelectual de mais de um milhar de jovens conterrâneos, cuja primira [primeira] turma, em 1962, receberia o diploma de conclusão de cursos!
Naquêle Artezanato teríamos hoje, e em cada ano, o preparo de competências intelectuais em vários ramos de atividades, para o amanhã bragantino.
Duzentos e cinquenta alunos internos que seriam jovens interioranos do município; 250 semi-internos, dos subúrbios mais afastados da cidade, que às 6,30 horas da manhã chegariam ao Artezanato para a primeira refeição material, conjuntamente com os 250 internos e só sairiam para as suas residências, às 18,30 horas, após o jantar; e mais 250 alunos, externos, que seriam os do centro e laterais suburbanas da cidade.
Multiplique-se 750 estudantes por êsse número de anos que passaram, ao léo, verifique-se o horror criminoso de prejuízo intelectual que o nosso município sofreu, porque não foi continuada a construção dêsse modelar Estabelecimento de ensino, em virtude da S.P.V.E.A. não mais ter pago as verbas que a Câmara dos Deputados, anualmente, votava!
Depois, vimos a saber que ditas verbas, não só as de Bragança, mas as de totalidade dos municípios da Amazônia, tinham ordens severas do presidente J.K. (Juscelino Kubitschek) para serem desviadas de suas finalidades, para a conclusão de Brasília, a Novacap [Nova Capital]!
Mas, "Jesus que é paraense, bragantino, pois não nasceu em Belém e sim em Bragança", salve nossa terra e faça com que o Dr. Jorge Ramos, novel Prefeito, consiga receber a verba de 1962, que Brasília não precisará mais dela, para o soerguimento dêsse Artezanato, que Artur César Ferreira Reis, doou à Bragança, como aquela Biblioteca de mais de 3.000 volumes, a fim de que, quando deixar a Prefeitura, em 31 de janeiro de 1967, possa receber à glorificação dos alunos do "Artezanato do Taíra", que deverá ter o nome de "Artur Reis" e do pôvo de sua terra, e também dizer bem alto:
"Cumpri com o meu dever"!
AMEN!

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