Entre 31 de maio e 23 de junho de 2020 minha vida
teve outro sentido. Estes dias ficarão em minha memória para sempre. Sofri com
minha família a doença de minha Avó Joana Dolores
Rodrigues acometida de COVID-19 e que aos 91 anos venceu este mal.
Neste período, por aproximadamente uma semana e
meia, minha Avó teve certa piora em seu quadro de saúde, o que foi constatado
pelos exames que fazia regularmente. Um dia melhorava, noutro dava sinais de
cansaço. Uns dias muito bons e animadores, outros sofríveis e angustiantes.
Numa dessas noites, de todos os dias de sua
internação, quando a acompanhava, no dia 18 de junho de
2020, uma quinta-feira, por volta de 21 horas, recordo de ter pedido
a meu amigo e companheiro LEO Ryan Afonso, que também venceu a COVID-19, que me
levasse ao hospital e me trouxesse de volta, pois aquele dia tinha sido
bastante cansativo. Assim ele fez, vindo me buscar em casa e me trazer de
volta.
Vovó Joana estava serena, tranquila, atenta e usando
algumas libras de oxigênio para seu conforto na respiração. Eu conversava com
ela, para saber como estava, o que sentia, indagando quando iríamos para casa,
o que queria comer quando voltasse e o que faríamos se acaso eu e ela fugíssemos
do hospital vestidos de pijama (isso nunca iria acontecer, era uma forma de
alegrá-la e fazê-la sorrir diante daquele cenário).
Eu a olhava fixamente e ela me falava. Eu de
máscara preta e óculos, a observava atentamente enquanto ela contava mais um de
seus dias no hospital e perguntava de tudo da sua casa. Um par de gazes
cirúrgicas protegia seu rosto de pele fina e um pouco arranhado do fio de
oxigênio que a ajudava a melhorar sua saturação. Dois dias depois, esse apoio foi
retirado pelos médicos para que ela retornasse a respirar normalmente, o que de
fato ocorreu.
Ao lado de sua cama estava um terço envolto no
suporte de soro com iodeto de potássio que ela estava tomando. O mesmo terço
fica junto dela em seu quarto todos os dias. E enquanto meu coração estava
ansioso e angustiado, eu precisava deixá-la tranquila e serena, para que
tivesse uma noite melhor. Conversamos por alguns minutos. Esses minutos eram
importantíssimos para mim, para que eu registrasse na memória tudo o que estava
vivendo e o que passávamos diante da doença de Dona Joana.
Voltei para casa um tempo depois. E Ryan me mandou
depois o registro que fez daquela noite, onde eu e minha Avó Joana
conversávamos. Essa imagem é para mim mais que uma simples fotografia. E até
hoje, ao rever todos os detalhes da imagem, me emociono pela vitória
conquistada de sua cura.
Eu agradeço a Deus Pai, Filho e Espírito Santo pela
graça da cura e pela fé que nunca faltou, a Maria Santíssima por seu amparo
maternal e ao Glorioso São Benedito, nosso intercessor, que pediu a Jesus essa
bênção sobre nossa Joana. Agradeço igualmente a todos que nos ajudaram, da
Prefeitura Municipal de Bragança, da Secretaria Municipal de Saúde, da Unidade
de Saúde da Aldeia, do Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria por meio dos
médicos George Marques, Adoniran Pimentel, Iury Damascento, Marcos e Alan Sena
e a todos os enfermeiros e servidores.
Naqueles dias, contamos com o apoio de Mariza,
Dilma, Juce e Keila e eu particularmente precisei do apoio de Dênis e Tiago que
me transportaram dia e noite. Não posso esquecer o querido Marcel Braun (in memoriam), filho de coração da Vovó,
que nos ajudou tanto.
Agradeço meus tios e tias, Benedito Lázaro, Paulo,
Zacarias, Nonato e Pedro, Evanilde, Fátima e Marta, meu primo Alexandre. E agradeço
em especial a força da oração de minha Mãe Socorro e ao amparo carinhoso de
minha sobrinha Beatriz. Agradeço aos amigos Arthur, Alef, Ryan, Rosa, Nazaré,
Helena, Leila e tantos outros que foram meus ombros naqueles dias.
Deu certo. Tudo transcorreu bem. Vovó Joana venceu
esta doença ingrata com sua Força de Vida e
de Fé. Estamos angustiados agora com a saúde de meu tio Benedito Lázaro,
mas com a mesma Força e juntos cremos no melhor que vem de Deus.
Esta doença já ceifou a vida dos amores de muitas
pessoas. E todos nós precisamos ter responsabilidade diante da Vida,
consciência do dever coletivo de cuidar uns dos outros, para resistirmos e
vencermos esta pandemia. Obviamente, teremos as memórias desse tempo, como esse
registro que marca para mim o fim desse ano que nos desafiou em todos os
sentidos.
Tenho fé e esperança na cura vinda por meio de
homens e mulheres que atuam desde os leitos de casas de saúde até os laboratórios
que diuturnamente buscam a cura para esse mal, sendo todos guiados pelas mãos
de Deus, Senhor da Vida.
E é por essa razão, pelo trabalho, dedicação, torcida
e oração de tantas pessoas, amigos e amigas, que o Dadá, neto da Dona Joana
pode hoje compartilhar, mesmo com o coração angustiado, o registro daquele dia,
comigo e minha Avó, unidos pelo sangue, nome, família e por todo Amor que nos
conectou ainda mais naqueles 23 dias.
Que 2021 seja melhor para todos nós! Até breve!
Assim seja!
ResponderExcluirAmém!
ExcluirAssim seja!
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