quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Minha imagem de 2020 – com minha Avó Joana Dolores Rodrigues no hospital

Entre 31 de maio e 23 de junho de 2020 minha vida teve outro sentido. Estes dias ficarão em minha memória para sempre. Sofri com minha família a doença de minha Avó Joana Dolores Rodrigues acometida de COVID-19 e que aos 91 anos venceu este mal.

Neste período, por aproximadamente uma semana e meia, minha Avó teve certa piora em seu quadro de saúde, o que foi constatado pelos exames que fazia regularmente. Um dia melhorava, noutro dava sinais de cansaço. Uns dias muito bons e animadores, outros sofríveis e angustiantes.

Numa dessas noites, de todos os dias de sua internação, quando a acompanhava, no dia 18 de junho de 2020, uma quinta-feira, por volta de 21 horas, recordo de ter pedido a meu amigo e companheiro LEO Ryan Afonso, que também venceu a COVID-19, que me levasse ao hospital e me trouxesse de volta, pois aquele dia tinha sido bastante cansativo. Assim ele fez, vindo me buscar em casa e me trazer de volta.

Vovó Joana estava serena, tranquila, atenta e usando algumas libras de oxigênio para seu conforto na respiração. Eu conversava com ela, para saber como estava, o que sentia, indagando quando iríamos para casa, o que queria comer quando voltasse e o que faríamos se acaso eu e ela fugíssemos do hospital vestidos de pijama (isso nunca iria acontecer, era uma forma de alegrá-la e fazê-la sorrir diante daquele cenário).

Eu a olhava fixamente e ela me falava. Eu de máscara preta e óculos, a observava atentamente enquanto ela contava mais um de seus dias no hospital e perguntava de tudo da sua casa. Um par de gazes cirúrgicas protegia seu rosto de pele fina e um pouco arranhado do fio de oxigênio que a ajudava a melhorar sua saturação. Dois dias depois, esse apoio foi retirado pelos médicos para que ela retornasse a respirar normalmente, o que de fato ocorreu.

Ao lado de sua cama estava um terço envolto no suporte de soro com iodeto de potássio que ela estava tomando. O mesmo terço fica junto dela em seu quarto todos os dias. E enquanto meu coração estava ansioso e angustiado, eu precisava deixá-la tranquila e serena, para que tivesse uma noite melhor. Conversamos por alguns minutos. Esses minutos eram importantíssimos para mim, para que eu registrasse na memória tudo o que estava vivendo e o que passávamos diante da doença de Dona Joana.

Voltei para casa um tempo depois. E Ryan me mandou depois o registro que fez daquela noite, onde eu e minha Avó Joana conversávamos. Essa imagem é para mim mais que uma simples fotografia. E até hoje, ao rever todos os detalhes da imagem, me emociono pela vitória conquistada de sua cura.

Eu agradeço a Deus Pai, Filho e Espírito Santo pela graça da cura e pela fé que nunca faltou, a Maria Santíssima por seu amparo maternal e ao Glorioso São Benedito, nosso intercessor, que pediu a Jesus essa bênção sobre nossa Joana. Agradeço igualmente a todos que nos ajudaram, da Prefeitura Municipal de Bragança, da Secretaria Municipal de Saúde, da Unidade de Saúde da Aldeia, do Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria por meio dos médicos George Marques, Adoniran Pimentel, Iury Damascento, Marcos e Alan Sena e a todos os enfermeiros e servidores.

Naqueles dias, contamos com o apoio de Mariza, Dilma, Juce e Keila e eu particularmente precisei do apoio de Dênis e Tiago que me transportaram dia e noite. Não posso esquecer o querido Marcel Braun (in memoriam), filho de coração da Vovó, que nos ajudou tanto.

Agradeço meus tios e tias, Benedito Lázaro, Paulo, Zacarias, Nonato e Pedro, Evanilde, Fátima e Marta, meu primo Alexandre. E agradeço em especial a força da oração de minha Mãe Socorro e ao amparo carinhoso de minha sobrinha Beatriz. Agradeço aos amigos Arthur, Alef, Ryan, Rosa, Nazaré, Helena, Leila e tantos outros que foram meus ombros naqueles dias.

Deu certo. Tudo transcorreu bem. Vovó Joana venceu esta doença ingrata com sua Força de Vida e de Fé. Estamos angustiados agora com a saúde de meu tio Benedito Lázaro, mas com a mesma Força e juntos cremos no melhor que vem de Deus.

Esta doença já ceifou a vida dos amores de muitas pessoas. E todos nós precisamos ter responsabilidade diante da Vida, consciência do dever coletivo de cuidar uns dos outros, para resistirmos e vencermos esta pandemia. Obviamente, teremos as memórias desse tempo, como esse registro que marca para mim o fim desse ano que nos desafiou em todos os sentidos.

Tenho fé e esperança na cura vinda por meio de homens e mulheres que atuam desde os leitos de casas de saúde até os laboratórios que diuturnamente buscam a cura para esse mal, sendo todos guiados pelas mãos de Deus, Senhor da Vida.

E é por essa razão, pelo trabalho, dedicação, torcida e oração de tantas pessoas, amigos e amigas, que o Dadá, neto da Dona Joana pode hoje compartilhar, mesmo com o coração angustiado, o registro daquele dia, comigo e minha Avó, unidos pelo sangue, nome, família e por todo Amor que nos conectou ainda mais naqueles 23 dias.

Que 2021 seja melhor para todos nós! Até breve!

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