O prédio do Mercado de Carne é uma construção datada do século XX, inaugurado em 1911, pelo Major Antônio da Costa Rodrigues, Intendente de Bragança, de 1909 a 1912. Ocupa uma quadra inteira no Centro comercial de Bragança, e é um patrimônio edificado em estilo neoclássico, sendo um ponto comercial tradicional que engloba os costumes locais de comércio de gêneros alimentícios. Em seu entorno são desenvolvidas diversas atividades de comércio.
Encontra-se numerado e reconhecido sob o lote n.º 56 do Cadastro Imobiliário Municipal, localizado à Praça Silva Santos, s/n, Centro, quadrilátero entre a Avenida Marechal Floriano Peixoto, Travessa Vereador Marcelino Castanho e Avenida Visconde de Sousa Franco, nesta cidade, com as seguintes medições:
- Área total do lote: 2.296 m².
- Área construída no lote: 651 m².
Necessita de intervenção urgente devido ao estado deteriorado de suas dependências, sobretudo fachadas, esquadrias, telhado, instalações elétricas, hidrossanitárias e revestimentos de piso e paredes. Sua historicidade remonta aos idos anos de 1850, de um prédio às proximidades do rio Caeté, na travessa São Mateus que servia de Mercado Público. Em 1871, o Conselho Municipal de Bragança justificou a necessidade de um espaço higiênico e maior, propondo à Intendência Municipal a construção de um Mercado.
O Intendente Interino Major Thomaz de Paula Ribeiro, em seu relatório ao Conselho, de 14 de fevereiro de 1872, adia a construção do Mercado para o ano seguinte devido estar aplicando recursos no conserto de ruas e travessas que se encontravam em estado deplorável, com risco de vida aos transeuntes.
Nas reuniões do Conselho Municipal, de 25 de maio e de 28 de novembro de 1891, os vogais Fernando Pinto e Augusto César foram insistentes quanto à construção do Mercado, porém somente em 9 de julho de 1892 o Intendente Coronel José Caetano Pinheiro se posicionou, solicitando que o Conselho sugerisse o local para tal obra, indicando um local mais vantajoso e apropriado ao lado da ponte do litoral, sendo desapropriado todo o terreno para a sua construção, que pertencia à casa do capitão Antonio Severiano Lopes de Queiroz (Livro do Arquivo Público Municipal de n.º 175) que propôs ao mesmo indenização, sendo, de imediato recusado pelo proprietário.
A falta de conciliação entre as partes envolvidas levou para 29 de maio de 1895, a desapropriação por Utilidade Pública, no valor de 74 (setenta e quatro) mil réis. Foi no governo do Major Simpliciano Fernandes de Medeiros que veio à tona o contrato com o engenheiro Enéas Calandrini, baseado na Lei de n.º 50 de 19 de fevereiro de 1909 (segundo Livro do Arquivo Público Municipal de n.º 134). A Intendência precisou de 18 (dezoito) meses para que a empresa responsável se posicionasse para início técnico das obras.
Foto: Beco da Ponte à esquina da casa do Capitão Antônio Severiano Lopes de Queiroz, aos fundos do terreno do mesmo dono onde foi desapropriado para construção do Mercado Municipal, em 1909.
Fonte: Acervo particular de pesquisa
A cerimônia de colocação da primeira pedra aconteceu dia 2 de outubro de 1910, às quinze horas e trinta minutos. Presentes a cerimônia o Intendente Municipal, Major Antônio da Costa Rodrigues, os senhores José Flexa Pinto Ribeiro, Secretário do Interior e representante do Excelentíssimo Governador do Estado, o Major Licínio Silva, representante do Senador Antônio José de Lemos, o Dr. João de Palma Muniz, representante do Secretário de Obras Pública, Terras e Viação e Engenheiro fiscal por parte da Intendência Municipal, famílias, autoridades locais, membro eleitos do Conselho Municipal, do Congresso do Estado, da Instrução Pública, do Comércio e das Demais indústrias, além de sócios da firma concessionária Santos & Calandrini e do Dr. Cícero Fernandes Belo. Onze meses depois, dia 7 de setembro de 1911, as obras foram conclusas e entregue o novo edifício do Mercado Público.
A inauguração iniciou às sete horas da manhã, com a presença do Intendente Municipal, Major Antonio da Costa Rodrigues, do Engenheiro fiscal, Dr. João de Palma Muniz, do Juiz de Direito Interino da Comarca, Dr. Raul da Costa Braga e outras autoridades locais e pessoas gratas. O Padre Luiz Borges Sales, Vigário da Paróquia lançou a bênção ao edifício ao final usou da palavra o Intendente Municipal entregando à obra a comunidade bragantina, conforme os escritos do extinto Jornal do Caeté à época. A pomposa obra custou aos cofres público a importância de RS. 3:776$300 (Três contos, setecentos e setenta e seis mil e trezentos réis), conforme Livro do Arquivo Público Municipal de n.º 268.
É uma construção que obedece à arquitetura neoclássica, com cobertura de telhas, descansando sobre peças metálicas e sua área total é de 875 m², com o comprimento central destinados a 10 (dez) talhos 14 (quatorze) aparadouros. Sua superfície é de 336 m², possuindo 16 (dezesseis) salas externas com 25 m² cada uma. Para homenagear o Sr. Bento José da Silva Santos, então Assessor Jurídico da Intendência, o Major Antonio da Costa Rodrigues, através de Decreto-lei denominou aquele logradouro como Praça Silva Santos. Em 1964, a Prefeitura reformou o mercado (que depois disso nunca mais seria reformado), instalando depósito e modificando suas bases. Possui 14 (quatorze) bases internas que vendem carnes e legumes, revestidos em azulejos brancos, com, estrutura metálica sobre as quais estão assentadas peças de madeira, que sustentam telhas francesas, formando um telhado de quatro águas.
Essa reconstrução foi concluída em 1966, na administração do Prefeito José Maria Machado Cardoso e sob os trabalhos do Engenheiro civil Ricardo Oliveira. Para a propriedade definitiva da Prefeitura Municipal de Bragança foi registrado no Livro 3-C, às folhas 12 e sob o número 1675, de 31 de janeiro de 1933. Foi tombado ao Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto 010/08 de 15 de janeiro de 2008 (Art. 1º, Item V).
Fotos: Mercado Municipal de Carne, vários períodos.
Fonte: Acervo particular de pesquisa
Fonte: Relatório de Bens Tombados do município de Bragança, da Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação Geral. Bragança: outubro de 2009.
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Nossa, quanta história para ser contada e mostrada da linda Bragança. Parabéns pelo texto Dário...
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